"Eu não sabia tocar nada. Eu não sabia o que era um ré, um mi ou um
lá, eu tinha uma bateria mas definitivamente não era baterista que eu
queria ser. Então eu disse vou formar uma banda. O que eu vou fazer
nesta banda? Eu vou escrever. Vou escrever o que vejo, o que sinto, o
que penso. Eu não sabia cantar mas encontrei uma forma muito própria de
me expressar. Eu não sou grande cantor, cantor é Roy Orbison, Eric
Burdon... Você ouve as vozes destes homens e diz: Como é possível cantar
assim!? Mas eu encontrei a minha maneira de interpretar, e é por aí que
eu vou. Dei sorte pois o primeiro show que fiz foi casa lotada... Na
verdade foi uma conjunção de fatores e não exatamente sorte. Eu tinha um
programa de rádio em Salvador chamado "Rock Special". Comecei a tocar
Clash, Sex Pistols, Plasmatics, toda aquela coisa do punk rock inglês e
americano que ninguém na Bahia sabia o que era. Comecei a botar aquelas
coisas na cabeça da
moçada em 78,79. E em 80, formei o Camisa de Vênus. Então eu criei uma
cena de rock and roll na Bahia, uma cena que não existia desde que
Raulzito tinha saído de lá. A diferença que eu vejo entre o Camisa e
Raulzito é que enquanto estava na Bahia ele tocava mais cover de Elvis,
Beatles e o Camisa não, nós tínhamos nossas próprias letras e que
normalmente contestavam a cena baiana... os baianos ficaram apavorados.
Salvador ficou dividida entre os que adoravam e os que odiavam, e eu na
verdade sempre gostei desta divisão, pois acho que a arte tem que ter
esse sentido de contestar o que a maioria acredita. Eu não quero ser o
dono da verdade, mas sem dúvida nenhuma me agrada a idéia de colocar uma
interrogação na cabeça das pessoas."
Serviço:
Dia 09 de março, 21h30.
SESC Belenzinho
R. Padre Adelino, 1000, Belenzinho
Entrada 24 inteira e 12 meia.
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