terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"Bóta-pra-Fudê"

"Eu não sabia tocar nada. Eu não sabia o que era um ré, um mi ou um lá, eu tinha uma bateria mas definitivamente não era baterista que eu queria ser. Então eu disse vou formar uma banda. O que eu vou fazer nesta banda? Eu vou escrever. Vou escrever o que vejo, o que sinto, o que penso. Eu não sabia cantar mas encontrei uma forma muito própria de me expressar. Eu não sou grande cantor, cantor é Roy Orbison, Eric Burdon... Você ouve as vozes destes homens e diz: Como é possível cantar assim!? Mas eu encontrei a minha maneira de interpretar, e é por aí que eu vou. Dei sorte pois o primeiro show que fiz foi casa lotada... Na verdade foi uma conjunção de fatores e não exatamente sorte. Eu tinha um programa de rádio em Salvador chamado "Rock Special". Comecei a tocar Clash, Sex Pistols, Plasmatics, toda aquela coisa do punk rock inglês e americano que ninguém na Bahia sabia o que era. Comecei a botar aquelas coisas na cabeça da moçada em 78,79. E em 80, formei o Camisa de Vênus. Então eu criei uma cena de rock and roll na Bahia, uma cena que não existia desde que Raulzito tinha saído de lá. A diferença que eu vejo entre o Camisa e Raulzito é que enquanto estava na Bahia ele tocava mais cover de Elvis, Beatles e o Camisa não, nós tínhamos nossas próprias letras e que normalmente contestavam a cena baiana... os baianos ficaram apavorados. Salvador ficou dividida entre os que adoravam e os que odiavam, e eu na verdade sempre gostei desta divisão, pois acho que a arte tem que ter esse sentido de contestar o que a maioria acredita. Eu não quero ser o dono da verdade, mas sem dúvida nenhuma me agrada a idéia de colocar uma interrogação na cabeça das pessoas."


Serviço:
Dia 09 de março, 21h30.
SESC Belenzinho
R. Padre Adelino, 1000, Belenzinho  
Entrada 24 inteira e 12 meia.



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