segunda-feira, 21 de maio de 2012

Discografia BRock

LEGIÃO URBANA
Período de gravação: outubro a dezembro de 1984
Data de lançamento: 1 de janeiro de 1985
Produzido por: Mayrton Bahia e José Emílio Rondeau

Janeiro de 1985 foi o mês do rock no Brasil. O mês do Rock in Rio. Pela televisão, a Legião Urbana via os amigos paralâmicos apresentarem “Química” para um público estimado em 200 mil pessoas, mais todos os milhões que assistiam aquilo em casa como eles. Naquele mesmo mês, a gravadora EMI Odeon lançava o álbum Legião Urbana, o primeiro da turma de Brasília e aquilo era só o começo.
Atropelado pela ressaca Rock in Rio, o primeiro disco da Legião demorou a chegar aos ouvidos do grande público e a emplacar. Isso começou a virar em junho de 1985, quando “Será”, a primeira faixa do álbum, chegou às radios. Quem colocasse aquela bolachinha para tocar na vitrola, ouviria logo uma chamada na caixa da bateria e um riff direto de guitarra abrindo o disco. As linhas de cada instrumento eram simples e claras. A voz de Renato também já dizia a que vinha nos primeiros versos: “Tire suas mãos de mim/ eu não pertenço a você”. Era uma relação amorosa tensa, com um olhar de angústia e mais intimista do que o que existia até ali no rock brasileiro. Um sentimento extremamente pessoal, mas num discurso que o tornava coletivo e universal: “Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação/ Serão noites inteiras/ Talvez por medo da escuridão/ Ficaremos acordados/ Imaginando alguma solução/ Pra que esse nosso egoísmo/ Não destrua o nosso coração”. Depois, o refrão com ares quase filosóficos: “Será só imaginação?/ será que nada vai acontecer?/ será que é tudo isso em vão?/ será que vamos conseguir vencer?”. Era uma letra angustiada e, ao mesmo tempo, esperançosa. Ficava fácil perceber que outros tempos se abriam no rock nacional.
O disco seguia com letras fortes e postura punk. Não era o rock sorridente feito no Rio de Janeiro e que estava na moda. Era o outro lado de uma mesma moeda, sendo que esse era mais poético e vigoroso. Havia uma série de novas referências culturais que provocavam identificação imediata com aquela geração que crescera jogando “Space Invaders”. “Geração Coca-Cola” era outra, que de tão direta virou hino. Impacto imediato, com letra sem metáforas, recado direto e andamento acelerado. Ou seja, nada a ver com o que faziam os “grandes nomes” da música brasileira naquele momento. “É tudo velho… A gente quer fazer coisa nova”, dizia Renato Russo. E era isso que eles faziam.
Faixas como “Ainda é cedo” e “Por enquanto” virariam standards da música brasileira, cruzando gêneros e vozes de forma a não deixar dúvidas sobre a força do repertório do primeiro álbum da Legião Urbana. Depois de 25 anos, já foram mais de 500 mil cópias vendidas, cerca de 100 mil só naquele primeiro ano. O terreno estava aberto para a história.


Dado Villa-Lobos (guitarras, violão e efeitos), Renato Rocha (contrabaixo elétrico), Renato Russo (vocal, teclados, violão e letras) e Marcelo Bonfá (bateria, percussão e glockenspiel)

1-Será
2-A dança
3-Petróleo do futuro
4-Ainda é cedo
5-Perdidos no espaço
6-Geração Coca-Cola
7-O reggae
8-Baader-Meinhof Blues
9-Soldados
10-Teorema
11-Por enquanto

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