Salve, caminhantes noturnos!
"Uma figura fundamental pra entender o que aconteceu com a música brasileira nesses últimos trinta anos”... Assim Arnaldo Baptista é definido pelo músico Lobão na abertura do documentário “Loki – Arnaldo Baptista” de 2007 com direção de Paulo Henrique Fontenelle responsável também por trabalhos como “O coração do Homem-Bomba Ao Vivo (Ao Vivo Mesmo)”, de Zeca Baleiro e “Oswaldo Montenegro - A Partir de Agora”.
Além de um Lobão apaixonado, caras como Tom Zé, Nelson Motta, Gilberto Gil, Sergio Dias (o irmão Mutante), Sean Lennon e Kurt Cobain rasgam declarações sobre a figura genial do músico.
O encontro com Rita Lee e a formação do grupo O’Seis, embrião d’Os Mutantes, a paixão desmedida por Beatles, a participação no Festival da Música Popular Brasileira de 67 com a música “Domingo no Parque” ao lado de Gilberto Gil com arranjos do lendário Rogério Duprat e a apresentação quarenta anos depois no Parque da Independência que tive a viajem em assistir, (e fui parar com a Caravana no País do Baurets), o contato com o ácido, a carreira solo e ao lado da Patrulha do Espaço, as dores e alegrias desse artista ilimitado, são contadas de maneira sóbria mas emocionada nessa cinebiografia cheia de imagens raras e com uma trilha sonora que qualquer amante do BRock, ou da música popular brasileira em geral, precisa conhecer. Ao menos conhecer.
Aos dezessete anos o contrabaixista Arnaldo Baptista apresentava em programas de tevê ao vivo, composições próprias e incrivelmente além de seu tempo e músicas de outros caras igualmente visionários, como, por exemplo, uma das canções mais criativas e emblemáticas da música rock brasileira, “Panis ET Circenses”.
O fim da parceria amorosa e musical com Rita Lee, a viagem com as drogas, a internação num hospício e o abandono por parte da mídia e, por conseqüência, do grande público, levaram esse cara tão artisticamente ativo a tentar o suicídio
Enquanto a história é contada, Arnaldo pinta um quadro, as artes plásticas se tornaram sua maneira de expressar-se e colocar pra fora sua inquietação, o quadro, que aparece concluído no final do filme, carrega o psicodelismo tão comum na obra d’Os Mutantes.
Fica faltando algum depoimento da terceira Mutante Rita Lee que, por conta de desencontros afetivos com o restante do grupo, não topou participar da produção.
Antes de Arnaldo e Os Mutantes, o rock brasileiro era de certa forma ingênuo, feito com poucos acordes, copiado muitas vezes do rock italiano pela Jovem Guarda, com o surgimento dessas tremendas figuras, o rock feito aqui passou a ter uma identidade mais tupiniquim e por tudo isso e muito mais esse documentário é uma grande pedida pr’um sabadão com algumas cervejas e uma galera esperta.
Mutantes embriaga, por isso vivo sempre tomando minhas doses.
Fonte: www.rocksp.com.br