quarta-feira, 8 de julho de 2015

1° trailer de "Eu Sou Carlos Imperial" traz Roberto, Erasmo e Toni Tornado

O filme "Eu Sou Carlos Imperial", documentário que conta a história do histórico produtor da música, TV e cinema brasileiros, ganhou seu primeiro trailer. Além de trechos de filmes raros, o vídeo traz cenas de shows e depoimentos de parceiros como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, Toni Tornado, Paulo Silvino, entre outros. Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, o documentário mostra a ascenção de uma das figuras mais ímpares do showbusiness do Brasil, conhecido por descobrir talentos como Roberto Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal e Elis Regina. Excêntrico, mulherengo e marqueteiro, Imperial era também apresentador de televisão e autor de grandes sucessos da década de 1960, como "A Praça", "Vem Quente que eu Estou Fervendo", "Mamãe Passou Açúcar em Mim" e "Nem vem que não tem". O filme fez sua estreia nacional no festival "É Tudo Verdade". Assista ao trailer:

O BRock no Rock in Rio 2015


Palco Mundo terá shows de Lulu Santos e Paralamas do Sucesso

O grupo se apresentará no mesmo dia em que Rod Stewart; o cantor toca na data em que Rihanna e Sam Smith sobem ao palco.



Em novo anúncio feito na noite desta segunda-feira, 30, a organização do Rock in Rio confirmou as participações de Lulu Santos e Paralamas do Sucesso no festival. Lulu se apresentará na mesma data em que Rihanna e Sam Smith, no dia 26 de setembro, durante o segundo fim de semana da edição 2015.Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, no entanto, tocam uma semana antes, no dia 20 de setembro, mesmo dia que terá Rod Stewart como headliner. Ambas as atrações participaram da primeira edição do Rock in Rio, em 1985. O Paralamas voltou a se apresentar no festival em 2001, ao lado do Titãs. Lulu, por sua vez, fez uma aparição no show do Jota Quest, na edição de 2013, a mais recente no Brasil.

O festival acontecerá nos dias 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro, na tradicional Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. O line-up também contará com as apresentações de Mötley Crue, OneRepublic , Royal Blood, Katy Perry, System Of A Down, A-Ha, Queens of the Stone Age, Faith no More , Hollywood Vampires –supergrupo de Alice Cooper, Johnny Depp e Joe Perry (Aerosmith), além do emblemático retorno do Queen ao festival. Os ingressos começarão a ser vendidos em abril.

Rock in Rio 2015
18 de setembro (sexta-feira)
Palco Mundo
Especial 30 anos (Dinho Outro Preto, Paralamas do Sucesso, Erasmo Carlos, Frejat, Jota Quest, Andreas Kisser, Ney Matogrosso, Titãs, Blitz, entre outros)

Palco Sunset
Lenine com Nação Zumbi e Martin Fondse
Ira! com Tony Tornado e Rappin Hood
Dônica com Arthur Verocai
Homenagem a Cássia Éller
19 de setembro (sábado)
Palco Sunset

Angra com Dee Snider (Twisted Sister) e Doro Pesch




20 de setembro (domingo)

Palco Mundo
Lulu Santos

Palco Sunset
Baby do Brasil e convidados

Alice Caymmi com Eumir Deodato

24 de setembro (quinta-feira)
Palco Mundo

CPM 22



25 de setembro (sexta-feira)

Palco Sunset
Steve Vai com Camerata Florianópolis
Moonspell com Derrick Green (Sepultura)
The Heavy Metal All Star (André Moraes, André Abujamra, Constantine Maroulis)
26 de setembro (sábado)
Palco Mundo
Paralamas do Sucesso
Palco Sunset
Sérgio Mendes com Carlinhos Brown
Erasmo Carlos com Ultraje a Rigor
Brothers of Brazil com convidado
27 de setembro (domingo)
Palco Mundo
Cidade Negra (palco Mundo)
Palco Sunset
Suricato com Raul Midon

enTRevista Serguei


‘Igual ou pior do que a ditadura militar é o ‘sertanojo’ no Brasil’




 Por: Marcos Chapeleta



A lenda viva do rock brasileiro Serguei acaba de ser homenageado com o DVD duplo “O Anjo Maldito do Rock Brasileiro”. Produzido de forma independente pelo cartunista Marcio Baraldi, é o primeiro material oficial em vídeo do artista de 81 anos, sendo 50 deles dedicados ao rock n’ roll. O DVD faz um apanhado de sua carreira e conta com depoimentos de diversos artistas nacionais, entre eles, João Barone (Paralamas do Sucesso), Ritchie, George Israel (Kid Abelha), Oswaldo Vecchione e Celso Vecchione (Made in Brazil), Dr. Silvana, Arnaldo Brandão (Hanoi-Hanoi), Renato Ladeira, Marcelo Sussekind e Roberto Lly (Herva Doce), Fernando Magalhães, Rodrigo Santos e Guto Goffi (Barão Vermelho), integrantes do Pandemonium, entre outros. O cantor é lembrado com carinho e respeito pelos entrevistados. Muitas historias são lembradas no vídeo, como o clássico romance com a cantora Janis Joplin contado em detalhes por pessoas próximas ao artista. O DVD ainda vem com um bônus contendo raridades de apresentações do músico e participações em programas de TV ao longo de sua carreira.
O lançamento do material aconteceu no fim de junho na loja Baratos Afins, em São Paulo. O próprio Serguei fez questão de estar presente. O Ligado à Música esteve no local e bateu um papo com o cantor sobre o DVD: “Os momentos mais importantes da minha vida, ele [Baraldi] colocou nesse DVD. Então fica o meu agradecimento imenso a ele. Sabe como é a vida do rock n’ roll, né? E sempre ele chega junto pra dar uma força”, agradecendo ao Baraldi pelo trabalho produzido. E continuou: “Como você vê, é de extremo bom gosto. Adorei a ideia, agradeço a Deus e agradeço a todas as pessoas que lembram de mim, e que acompanharam a minha carreira nos 50 anos de estrada. Pelos 81 anos, não me diz nada a não ser de muita alegria e muita intensidade. Sempre tive uma vida muito intensa. Não tenho do que reclamar, que nem dizia minha mãe. A única coisa que reclamo é não ter mais a Dona Maria e Seu Gustavo hoje”.

O idealizador do projeto, Marcio Baraldi, também estava no evento e deu mais detalhes de como foi produzido a homenagem ao artista: “Tomei a iniciativa porque o cara está com quase 82 anos de idade e não tinha um DVD até hoje, sacou? Ninguém se interessou em fazer, o que eu acho uma puta de uma injustiça. Então eu falei ‘antes que ele bata as botas, deixa eu fazer alguma coisa por ele’. Eu mesmo tirei dinheiro do meu bolso, não tenho patrocínio nenhum. Eu sou fã do Serguei e paguei 100% do meu bolso. Paguei câmeras, paguei as viagens, paguei prensagem, paguei tudo”.
Baraldi comentou da década de 1980, quando o rock brasileiro explodiu. Ele se recordou que de as gravadoras deram oportunidades para várias bandas, mas não investiram no Serguei: “Quando teve aqueleboom do rock nos anos 80, muita gente ganhou grana, mas ele não ganhou. Mas, ao mesmo tempo, ele foi um cara que nunca saiu dos palcos. Apesar de não ganhar grana com venda de discos, ele foi um artista de palco a vida inteira. E os shows do cara eram muito bons, porque ele é energia pura, saca?”. O cartunista também falou que o cantor era indisciplinado nas finanças, porque o negócio dele sempre foi o palco: “Para você ver, com essa idade ainda está no palco. Quantos roqueiros no mundo tem essa coragem? Quantos tem pique que encarar um palco ainda?”.
Voltando ao DVD, Baraldi teve a ajuda de Luiz Calanca, da Barato Afins, para organizar a discografia do “dinossauro do rock brasileiro”, que está nos extras e falou mais sobre o material bônus: “O Luiz Calanca me ajudou muito com os compactos raríssimos difíceis de achar. Está tudo ali, não faltou nada. Tem uma galeria de fotos com todas as idades do cara, desde um ano de idade, os pais dele, então está bem completo. O disco dois é um bônus disc com vários shows da carreira dele. Tem o show dele com o Celso Blues Boy no Circo Voador, em 1982, maravilhoso o show, histórico! Tem o show com o Cerebelo, banda que foi muito importante nos anos 80 e tocou com ele no Rock in Rio. Banda do Marcelo Xavier que compôs vários hits dele que toca até hoje. Tem programa dele no Jô Soares. Tem ele no Rock in Rio 91, apresentação maravilhosa, histórica, cara. Ele fez todo mundo sentar enquanto cantava. Pô, quantos caras conseguem fazer isso, saca?”. Baraldi demonstrou estar realizado pelo lançamento de “O Anjo Maldito do Rock Brasileiro”: “Deus me livre, mas se o Serguei morrer amanhã, está bem registrado. Antes tarde do que nunca, mas ele merecia ter esse reconhecimento com um apanhado de toda a carreira dele. De quebra ainda vem um pôster bonitinho”.

O cantor tem uma longa bagagem de vida no cenário musical. Viu nascer a indústria, conheceu artistas importantes do rock mundial e acompanhou a evolução do mercado fonográfico. O momento atual da música brasileira é algo que o incomoda: “Eu acho que igual ou pior do que a ditadura militar é o ‘sertanojo’ no Brasil. Primeiro lugar, eu não sei que diabo é sertão. Eu não sei. Sou garoto de Copacabana, Ipanema, Leblon e Lapa. Isso aí não diz nada. O pessoal do sertão, da roça, tudo cantando… a única coisa boa é Inezita Barroso, mas aí é até um insulto à música no Brasil em comparar com esse ‘sertanojo’ com a autenticidade, a beleza, o brilho de Inezita Barroso”.
Ele ainda criticou o rock atual: “Praticamente inexistente se você for comparar com o rock n’ roll, é um horror. Uma amiga minha americana chegou agora lá em casa e eu falei: ‘E a música nos Estados Unidos, o rock e a música?’. Ela falou: ‘Serguei, música? Não existe música mais’”.
Serguei terminou o papo falando a respeito da velhice, e também sobre a entrega no palco: “Esse negócio de idade, a melhor idade, é tudo uma coisa falsa, forjada, nojenta. Porra nenhuma. A velhice é uma merda. Minha prima estava conversando comigo e não tirava o olho daquela foto que foi Miss Brasil. Linda, um sonho. Aí ela olhava assim e falou: ‘É Serguei, vou te contar, olha lá, a velhice é uma merda’. Então, eu não me toco disso, porque eu vou pro palco e… música popular, blues, é a emoção. Cantar qualquer um canta, desde que tem uma afinação e uma voz boa. O cantar popular é uma entrega”.



sexta-feira, 3 de julho de 2015

Rock nacional vira raridade no rádio e volta para o underground


Na lista das 100 músicas mais tocadas em 2014, o gênero é representado apenas pelo Skank, na 93ª posição; veteranos, novatos e figurões da indústria levantam teorias sobre o fenômeno


Por Michele Miranda









O rock nunca esteve tão na moda no Brasil. Ao menos a jaqueta perfecto e as tachinhas punk não saem das vitrines: viraram itens obrigatórios no figurino de músicos, sejam eles do pagode, sertanejo ou funk. Anitta, por exemplo, “viralizou” Ramones e Nirvana junto a um público que não é lá muito fã de guitarras distorcidas ao usar as camisas-símbolo das bandas. Seguidores da cantora que talvez nem soubessem citar um hit dos grupos passaram a usar e abusar do vestuário. Mas esse boom em nada tem ajudado o rock nacional, cada vez mais presente no underground e deixado de lado pelo público brasileiro de rádio, que hoje vê os áureos tempos do BRock 80 na História. Segundo um levantamento da empresa de aferição Crowley, entre as músicas mais tocadas no dial em 2014 no país, a única banda nacional a figurar no top 100 é o Skank, que ocupa a 93ª posição com a canção “Ela me deixou”, do último disco dos mineiros, “Velocia”. Enquanto isso, figura em primeiro lugar “Domingo de manhã”, dos sertanejos Marcos & Belutti.
O Ecad (Escritório Central de Arrecadação) divulgou seu top 50 nacional — o top 100 só será conhecido em abril —, em que não há representantes do rock nacional. O número 1 nas mais tocadas é “Mozão”, interpretada pelo também sertanejo Luccas Lucco.
— O rock já não é a preferência do grande público, e acho que isso é uma peculiaridade brasileira. O rock gringo se reinventou. Arcade Fire e Arctic Monkeys, por exemplo, ganharam uma importância enorme, lotam festivais e levantam outras bandas. Não temos um caso semelhante no Brasil. O país precisa amadurecer para gostar de músicas mais elaboradas, sem refrãos pobres — avalia Samuel Rosa, cantor do Skank. — Pertencemos à última leva de bandas que conseguiram se destacar, mas estaríamos melhores se houvesse uma renovação do rock. Se novas bandas aparecessem, talvez não estivéssemos no 93º lugar. No meio de tanta música de massa do sertanejo e funk, com investimentos surreais, estar entre os 100 em 2014 é uma vitória tão grande quanto estar entre os 10 em 1994. A gente talvez deixasse de conhecer o Renato Russo se ele estivesse começando hoje, porque as pessoas só dão atenção para Gusttavo Lima. Na época da Legião Urbana já existiam esses Gusttavos, mas o rock conseguia romper as barreiras.


APEGO AOS NOMES MAIS ANTIGOS

O cenário foi se construindo ao longo dos anos, com aparições cada vez mais tímidas dos roqueiros brasileiros. Em 2012, o Charlie Brown Jr. foi a banda mais bem colocada, na 50ª posição, com “Céu azul”, segundo a Crowley. Vale lembrar que a banda estava sem gravadora e lançou “Música Popular Caiçara” naquele ano, de maneira independente. Em 2013, ano das mortes de seus integrantes Chorão e Champignon, o grupo de Santos também liderou entre os representantes do rock, na 43ª posição, com “Meu novo mundo”. Naquele mesmo ano, ainda apareceram O Rappa, na 68ª colocação, com “Anjos (para quem tem fé)”, e o Jota Quest, com a versão de “Tempos modernos”, de Lulu Santos, em 90º. Por que os ouvintes estão indo na direção oposta ao rock nacional? Alexandre Hovoruski, diretor artístico da Rádio Cidade, faz sua aposta:
— O rádio ainda é o grande veículo associado à música no mundo. Temos tentado mostrar trabalhos novos, mas bandas consagradas nunca agradaram tanto. Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Cazuza dominam boa parte da execução. É legal por um lado, mas problemático por outro, pois significa que a nova geração não está tendo vida fácil. Mas, assim que estourarem algumas, mudará tudo — aposta Hovoruski. — O rock no Brasil passa por um momento de grande mudança. O “quase” fim das gravadoras, a falta de investimentos, a curadoria, o fato de ficarmos oito anos sem rádios dedicadas ao gênero (no Rio) foram pontos negativos e decisivos nessa queda. É a hora de reinventar. A internet chama a atenção, mas, se não houver consistência, vira mais um caso de 15 minutos de fama. No Brasil, o sertanejo vem dominando as paradas, pois é, sem dúvida, o braço musical mais organizado e com mais dinheiro hoje.
Com os álbuns “Titãs” (1984), “Televisão” (1985) e “Cabeça Dinossauro” (1986), a banda de Tony Bellotto, Paulo Miklos e companhia lançou hinos de rock que são cantados até hoje em shows lotados. Há mais de 30 anos na estrada, o guitarrista Bellotto já ouviu inúmeras teorias sobre a morte do rock.
— Daqui a pouco, o público brasileiro vai se cansar do sertanejo e voltar a ouvir rock, que é um movimento sempre presente na História — diz Bellotto. — Fora do Brasil, ele se mantém entre os grandes, aqui está no subterrâneo. Nós é que estamos vivendo uma fase complicada, cultural, social e politicamente. E há coisas que só o rock consegue fazer, como música de protesto. O ano de 2014 foi muito rico em produção artística no rock, muitas bandas fizeram discos de excelência. É uma dicotomia, porque nada aparece nas rádios.

Nos anos 1980, tempos de ouro do gênero, existia uma premissa: “Se você tocasse guitarra e tivesse nascido em Brasília, já teria um contrato garantido nas gravadoras”, lembra Samuel Rosa, cujo grupo, o Skank, formado nos anos 1990, viveu o último suspiro do nascimento de grandes bandas de rock nacional, ao lado de Rappa e Los Hermanos, entre outros.

Nos anos 2000, o emo surgiu com fôlego, mas por onde andam Restart e Fresno nas paradas de sucesso? Apesar do momento negativo, tem gente experiente que aposta numa virada, como Sérgio Affonso, presidente da Warner Music Brasil, que trabalha há 48 anos na indústria fonográfica.
— Num cenário justo, o Brasil deveria ter ao menos 20 bandas de rock entre as 100 mais tocadas. O resultado de 2014 chegou ao ápice do ruim. Há duas tentativas heroicas: a Rádio Cidade e a 89 FM (de São Paulo). As gravadoras precisam fazer a roda girar e buscar outros nichos — analisa Affonso. — Mas sinto que estamos nos aproximando de uma mudança, porque o mercado é cíclico. Tanto que estamos em negociação com uma banda nova de rock, a carioca Canto Cego. Estamos debatendo uma política para promovê-los, vamos ter que reinventar esse trabalho. A única certeza que temos é que a internet é fundamental. Ela já saiu da obscuridade da pirataria para a absoluta relevância, talvez mais até que o disco físico, em muitos casos. É preciso que algum artista lidere um novo movimento.



GOIANOS PARA EXPORTAÇÃO

Ainda segundo Affonso, as bandas novas têm a facilidade da internet, mas não conseguem produzir discos profissionais, então as rádios também não têm material de rock de qualidade para tocar. De fato, há grupos elogiados pela crítica e que vêm construindo, com a web como principal aliada, um público fiel pelo país. É o caso dos goianos Boogarins, cujo primeiro disco foi lançado em 2013. Eles criaram uma rede de contatos e fizeram, em 2014, uma turnê internacional com 60 shows em 11 países, incluindo os festivais South by Southwest, no Texas, e Primavera Sound, em Barcelona. Mas nem sinal de suas canções em rádios brasileiras.
— Existe produção, existe público. Arte está sendo feita, rock está sendo feito. Mas não é onde o dinheiro está circulando agora. O rock morreu para a grande massa — comenta o guitarrista Benke. — As pessoas ainda estão presas às mesmas bandas dos anos 1980 e 90. Não é culpa do público, mas de quem divulga a arte. Como temos muitos shows, conseguimos nos bancar só com a banda. Mas, em meses de agenda menos cheia, fica complicado.
Paradoxalmente, a produção de rock no Brasil só aumenta. Festivais como o Bananada, em Goiânia, e o Picolé, que acontece há dois verões no Circo Voador, promovem a circulação de novos nomes. Mas a postura das bandas talvez seja muito diferente daquelas que dominaram o país há 30 anos.
— O rock hoje está mais sisudo. O interesse das bandas em conversar com o grande público diminuiu. Elas querem cada vez mais estar na cena alternativa, com canções mais conceituais e menos comerciais — opina Samuel Rosa. — A Legião Urbana dialogava com o público de rock, mas também com quem não era desse nicho, assim como Titãs e Paralamas do Sucesso. Eles faziam um trabalho de qualidade e ao mesmo tempo abrangente. A MTV também tem culpa, porque deixou de ser uma plataforma de vanguarda e passou a ser divulgadora de bandas de molecada. Quando o Skank surgiu, ao lado dos Raimundos, todos ouviam “Garota nacional” e “Mulher de fases”, porque sempre tivemos vontade de falar para o grande público. A Nação Zumbi, por exemplo, preferia o underground. Eu sempre falava com o Chico Science: “Vocês estão privando a população de conhecer música de qualidade”, porque eles se recusavam a ir a meios populares, como o Faustão.



PASSIVIDADE POLÍTICA
A banda de “Mulher de fases” também precisou se reinventar para não depender das rádios e gravadoras. Novamente em alta depois de uma década de vacas magras, os Raimundos usam a internet e o boca a boca para manter seus shows cheios. Assim, Digão e companhia foram escolhidos para abrir os shows do Foo Fighters pelo Brasil, em janeiro. O cantor e guitarrista aponta a passividade política como um dos fatores de fraqueza para o rock nacional:
— O que aconteceu com o Brasil? Um país que aceita calado toda essa roubalheira está longe de ser rock’n’roll, pois foi sempre através do rock que se questionou o que estava errado. O verdadeiro rock não morreu, está no seu habitat natural, o underground.

Canisso, baixista dos Raimundos, concorda com o companheiro e cita mais fatores:
— É difícil competir com gêneros que têm muito dinheiro para gastar em divulgação e até jabá. No rock, as bandas jogam nas 11: compõem, divulgam, tocam, produzem. Em outros gêneros os artistas recebem tudo pronto: aulas de música, stylist, produtores. Estouramos numa época em que pessoas funestas ainda não tinham percebido o potencial de ganhar dinheiro com jabá. A época de “Mulher de fases” era mais romântica. Nossa vida é muito mais difícil hoje. Existe uma máfia dizendo que o rock acabou, gastando dinheiro para que outras coisas não aconteçam. Se eu estivesse focado em dinheiro, seria baixista de um grupo sertanejo. Ser do rock não é só se vestir com camisa de banda, é um estilo de vida. Todo mundo gosta de tirar uma casquinha, como Anitta, com roupas e acessórios de bandas, e até o Luan Santana.

Cantada a Três

Silvia Ferreira, Manu Saggioro e Daísa Munhoz cantam Come Together (The Beatles), 2001 (Mutantes) e Whole Lotta Love (Led Zepellin).

Quem é o BRock no Rock'n'Rio 2015?

Confira os grandes nomes que farão parte do show especial de abertura do festival, com produção musical de Dinho Ouro Preto:

Marina Lima - Discoteca

A cantora e compositora Marina Lima foi ao Centro Cultural São Paulo participar desta edição da série Crônica de Toca-Discos. Em sua visita à Discoteca Oneyda Alvarenga, que em 2015 completa 80 anos, Marina falou da sua discografia, da mudança para São Paulo e dos grandes intérpretes que marcaram sua carreira, como Rita Lee, Aretha Franklin e Caetano Veloso, além de comentar a importância afetiva de cada álbum que encontrou em nosso acervo.“É a primeira vez que eu venho aqui neste Centro Cultural, enorme, rico! Eu tô feliz, é mais um lugar novo que eu conheço aqui” Seleção de discos e CDs feita por Marina Lima na Discoteca Oneyda Alvarenga D-21811 – João Gilberto D-05306 – Elizeth Cardoso D-00335 – Caetano Veloso D-08038 – Gilberto Gil D-07423 – Rita Lee D-02374 – Beatles D-07586 – Beatles D-12372 – Beach Boys D-20557 – Stevie Wonder D-20008 – Aretha Franklin Créditos Produção: Alvaro de Souza Apresentação: Rita Daher Áudio: Alvino Souza, Chicão Santos e Eduardo Neves Câmera: Camilla Kinker Edição: Rita Daher e Fellipe Moica Fotografia: João Silva Colaboração: Edson Marçal

Bastardz retorna com single e vídeo 'Let it Fuckin' Roll'

Clipe conta com a presença da ex-BBB Clara Aguilar, Lizzy DeVine e Peter London (Crashdïet)

Os Bastardz, conhecidos na cena musical nacional por terem sido, no começo dos anos 2000, a primeira banda brasileira a dar vazão ao visual glam, som sleaze e atitude punk, se reconfigura em 2015 para o lançamento de um novo single. "Let it Fuckin' Roll" traz Nat Reed (vocal), Danny Poison (guitarra), Thomas Buttcher (guitarra), Mr. Lady (bateria) e Drannath Kate (baixo) ao lado de Lizzy DeVine (ex-Vains Of Jenna, atual The Cruel Intentions) nos vocais e vem acompanhado de um videoclipe, com aparições de Peter London (Crashdïet) e da DJ e ex-BBB Clara Aguilar.

Confira o teaser do vídeo "Let it Fuckin' Roll", que integra a trilha sonora do filme de terror "Pandemonia" e será lançada pela Sony Music ainda este ano em https://www.youtube.com/watch?v=Mn1hI5jI5kA








História:

Formado em 2000, os Bastardz lançaram em 2004 seu primeiro EP, "No Ass No Pass", um marco para a carreira da banda, que teve os videoclipes "Pills" e "Alleycat Spoiled Brat" exibidos pela MTV Brasil no ano seguinte.

Em 2006, eles foram a banda de apoio para o show dos vocalistas Steve Summers (Pretty Boy Floyd) e Stevie Rachelle (TUFF), criador do site americano Metal Sludge. Da apresentação, surgiu o DVD "Metal Sludge Xtravaganza in Brazil – Sludge goes to the Jungle". No mesmo ano, foram inseridos na coletânea "Hollywood Hairspray 5", da Perris Records, e no ano seguinte, na coletânea "Glamnation Vol. 3", da Demon Doll Records, ambas gravadoras norte-americanas.

"Jungle Outlawz", primeiro álbum da banda, foi lançado em 2008 pela BlastZone Records, e contou lançamento simultâneo nos Estados Unidos, Brasil e Canadá. No mesmo ano, fizeram uma bem sucedida turnê pela Argentina, e foram a banda de abertura no Brasil para os suecos do Crashdïet. No entanto, ao final deste ano, devido a divergências pessoais, a banda se separou.

Após um hiato de sete anos, Nat Reed (vocal), Danny Poison (guitarra), Thomas Buttcher (guitarra), Mr. Lady (bateria) e Drannath Kate (baixo) se reúnem para, mais uma vez, darem voz, som e visual aos Bastardz!

Lobão lança financiamento coletivo para bancar o álbum O Rigor e a Misericórdia


por Lucas Brêda

Muito mais próximos das pautas políticas e literárias do que das musicais nos últimos anos, o cantor Lobão decidiu lançar seu próximo álbum de inéditas, nomeado O Rigor e a Misericórdia, por meio de financiamento coletivo. Ele deu início à campanha este mês e já arrecadou quase de R$ 25 mil dos R$ 80 mil pedidos para produzir o disco.
A campanha no Kickante (acesse neste link) fica no ar até o próximo dia 25 de julho e oferece “recompensas” que variam entre o pacote mais simples, com download das 10 faixas do álbum (R$ 20) e o “Patrocinador a Misericórdia”, com logo da marca na contracapa do disco, citações em todos os shows e entrevistas, vídeo de agradecimento postado nas redes sociais e 180 CDs autografados (R$ 20 mil).









Há ainda opção de “ajudar” Lobão em troca de palhetas, selfies, audições exclusivas em ensaios, jam session com o cantor, hangout de uma hora com ele, ingressos, CDs, bate-papo, encontros no camarim, entre outros. “Tudo que foi selecionado nos planos foi acatado ou concebido por mim”, diz ele. “Tirar selfies, a gente tira até dentro do avião.”








Lobão, “veterano da indústria fonográfica” – como se autoproclama –, já entrou em diversos embates relacionados à música independente e à utilização de leis de incentivo para a cultura e, até por isso, comemora a produção “100% independente”. “Qualquer comparação com a empreitada independente torna a minha decisão uma deliciosa aventura”, comenta ele. “Hoje, sou um escritor best seller, com muito mais poderio de vendagens nos livros que em disco.”


Leia a íntegra da entrevista da Rolling Stone Brasil com Lobão abaixo.
Você disse que este deve ser o projeto “mais audacioso da minha carreira”. Com “audacioso” você se refere ao modo com que está sendo viabilizado e produzido (o financiamento coletivo) ou ao conteúdo (as canções em si) do projeto?
Parece-me que sob todos os aspectos. Eu estou gravando tudo sozinho em meu estúdio, tocando todos os instrumentos, mixando e masterizando. Só isso já é uma loucura. O financiamento coletivo é mais uma nova tentativa de descolamento de setores que considero pouco afeitos ao meu jeito de fazer e conceber música.
Há claramente uma comemoração por conseguir trabalhar com “100% de independência” neste projeto. Entretanto, dependendo do que for adquirido, você vai ter que se submeter a situações como citar um patrocinador em toda entrevista de divulgação do álbum ou até tirar selfies com alguém que pague (em uma forma de comercialização da própria imagem) por isso. Seria esta a “parte ruim” do financiamento coletivo?
Tudo que foi selecionado nos planos foi acatado ou concebido por mim. Os produtos, se assim houverem, também serão submetidos ao meu escrutínio. Tirar selfies, a gente tira até dentro do avião, não há nenhum tipo de transtorno em nenhuma das etapas. Lembre-se que sou um veterano da indústria fonográfica e qualquer comparação com a empreitada independente torna a minha decisão uma deliciosa aventura.
Você acha que o fato de terem fãs participando da produção (viabilizando-a) faz com que aumente a responsabilidade do artista em relação a entregar uma obra que “agrade” a quem pagou por ela?
Não. Eu sou Lobão. E quem gosta de mim já aprendeu esse pequeno detalhe. Eu não vou lutar desatinadamente por minha independência e cair numa esparrela dessas.
Na apresentação do projeto, logo na primeira linha, você cita a situação política do Brasil. Você considera que este é o álbum mais atrelado à sua posição em relação à política atual – declarada em entrevistas e livros?
Eu sempre tive engajamento político em todos os meus álbuns. Isso faz parte da minha natureza. Nós temos sim uma ingerência muito maior de ações governamentais que influenciaram muito a minha decisão de financiamento coletivo, como a Lei Rouanet, a estatização dos direitos autorais etc. E isso muito me incomoda.
Um dos seus singles recentes, “A Marcha dos Infames”, foi lançado e resenhado no blog do Reinaldo Azevedo, jornalista de política. Você teme que seus novos trabalhos acabem adquirindo um caráter maior de artifício político em detrimento ao valor artístico? Em outras palavras, te preocupa que o público que não compartilha das suas opiniões políticas não se interesse em ouvir suas novas músicas?
Eu não sou homem de temer nada daquilo que empreendo. Minha história está polvilhada desse tipo de situação. Se fosse assim eu estaria fadado a ser um presidiário eterno na época do Vida Bandida. Fora isso, tanto eu quanto o Reinaldo mais outra dezena de pessoas entraram na lista negra do PT e a “Marcha dos Infames” foi feita como réplica e com intuito de apoiar meus companheiros “VIPs” de lista.
Temos que adicionar a isso outro fato: que minha trajetória é única na música popular brasileira pela minha improvável versatilidade. Na verdade, hoje, sou um escritor best seller, com muito mais poderio de vendagens nos livros que em disco e, sendo assim, vou lançar um livro pela Record sobre toda a feitura do disco e se chamará Em Busca do Rigor e da Misericórdia. Se podemos fazer complicado, por que fazer simples, né?
Até quando fechei essa pergunta, 289 pessoas já haviam contribuído com o Kickante (somando 27% do valor total), e ainda falta mais de um mês para o encerramento da campanha. Se o valor total não for atingido, o disco vai sair do mesmo jeito?
Vamos ver. É tudo uma grande novidade pra mim. Eu estou meio distante dos eventos e só a partir dessa semana vou me concentrar mais no projeto. Tenho trabalhado 14 horas por dia escrevendo o livro (só falta um capítulo) e gravando as músicas. Dá muito trabalho fazer tudo sozinho. Mas a felicidade que dá é muito grande. Preparei-me por 10 anos pra peitar essa.