quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

BRock 2017 - última parte

Ultima parte da lista Relação dos Discos de Rock Brasileiro Lançados em 2017 e que Merecem sua Atenção:


Corona Kings com "Death Rides a Crazy Horse"












A banda paranaense Corona Kings chegou ao seu terceiro disco e nos presenteou com Rock And Roll de primeira qualidade. Death Rides A Crazy Horse é uma viagem por vários socos na cara que contam com participações de nomes como Water Rats, Deb And The Mentals, Devilish, Dead Fish e mais, apresentando a sonoridade consolidada da banda e mais uma prova de que o rock segue firme e forte no underground brasileiro. Aumenta que isso aqui é rock'n'roll: https://youtu.be/z_vMCAvWdMI

Lutre com "Apego"



Produzido com o auxílio dos membros da banda Ventre, o novo disco do Lutre se inspira em uma vertente mais elaborada do rock, contando com arranjos muito bonitos intercalados com canções diretas. O resultado é um disco muito bem pensado, conciso e que chama a atenção pela sua estrutura: https://youtu.be/GI4LNcsm59s


Posada e o Clã com "Posada e o Clã"










Embora tenha sido lançado há pouco tempo, o novo álbum do Posada e o Clã é um trabalho que mistura grandes influências da música brasileira, desde o rock ao samba, com belas melodias e arranjos criadas por músicos de renome da cena underground nacional, como Hugo Noguchi e Gabriel Ventura (Ventre) e Gabriel Barbosa (SLVDR).

No final das contas, o álbum contém uma personalidade como poucos outros, provando ser um trabalho que apenas Carlos Posada poderia conceber: https://youtu.be/7H9w6PCaBTg

Ego Kill Talent com "Ego Kill Talent"



Lá no comecinho do ano a banda paulistana Ego Kill Talent lançou um disco homônimo e com músicos que têm um passado incrível no rock nacional passou a aparecer merecidamente com mais força no cenário daqui. De lá pra cá a evolução foi gigantesca, os caras tocaram no Rock In Rio, no Download Festival em Paris, ao lado do System Of A Down e mostraram que, ao vivo, as músicas de estúdio têm um poder ainda maior.
Ego Kill Talent é um grande disco e nos faz esperar ansiosamente pelo que vem por aí: https://youtu.be/4lin1tAvpMQ

Macaco Bong com "Deixa Quieto"










Quando ninguém esperava um novo disco da banda, os caras vieram com Deixa Quieto, uma versão instrumental de desconstruções do clássico Nevermind, do Nirvana. Além de versões nada óbvias e toda a sua cara presente em cada uma delas, o pacote ainda veio com a mais incrível capa de um disco nacional em 2017 e nomes de músicas como “Smiles Nike Tim Sprite” (“Smells Like Teen Spirit”), “Com Easy Ou Uber” (“Come As You Are”) e “Somente Whey” (“Something In The Way”).Sensacionalhttps://youtu.be/K-gZFsNAfkg

Maglore com "Todas as Bandeiras"

Maglore trocou de formação, voltou a ser um quarteto e parece ter ficado ainda mais seguro de sua sonoridade com as mudanças.
Todas As Bandeiras é o melhor disco da carreira do grupo e, em tempos tão difíceis, convida o ouvinte para andar lado a lado do artista falando sobre os problemas, as alegrias, os finais de relacionamento, as burradas e os acertos que temos todos nessa vida.
Pessoal, sincero e com uma coesão que faz do disco uma incrível viagem, Todas As Bandeiras é daqueles que depois que você passa a ouvir, não tira mais do repeathttps://youtu.be/WNwnbo9qnBo


Kiko Dinucci com "Cortes Curtos"









Integrante seminal e onipresente na nova geração da vanguarda brasileira, Kiko Dinucci colidiu dois universos no excelente Cortes Curtos: a brasilidade suja dos trabalhos que ele faz hoje e o hardcore que o inspirou a subir nos palcos, ainda na adolescência. O resultado é um disco bruto e inquieto, com participações marcantes de Juçara Marçal, Ná Ozzetti e Tulipa Ruiz: https://youtu.be/B7aGOQ7KuE4

Scalene com "Magnetite"









Com uma carreira já bastante interessante em um tempo relativamente curto, os brasilienses do Scalene chegaram a um novo disco após o lançamento do bem sucedido Éter e resolveram experimentar.
Em Magnetite experimentaram com as letras e, ao mesmo tempo que falaram do lado pessoal, também criticaram os falsos profetas das igrejas evangélicas. Experimentaram com a música brasileira e adicionaram elementos dela ao seu post-hardcore. Experimentaram com a influência das performances ao vivo em suas gravações e contaram com novas abordagens para synths, teclados e percussões.

Far From Alaska com "Unlikely"









A banda brasileira Far From Alaska foi até os Estados Unidos para gravar com Sylvia Massy, renomada produtora que já trabalhou com nomes como System Of A Down, TOOL Johnny Cash.
Voltou de lá com um discão e, muito mais que isso, com a certeza absoluta de que encontrou a sua sonoridade e sabe o que quer fazer no futuro.
Após ter lançado seu álbum de estreia, o Far From Alaska passou a ser encaixado em rótulos como stoner rock e subgêneros pesados do Rock And Roll, mas não estava nem aí pra eles.
Em Unlikely, segundo álbum, fez uma capa cheia de cores, com meias e pantufas engraçadas, passou a se apresentar no palco com camisas que brilham no escuro e tirar fotos de divulgação com um visual que não estava nem aí para os moldes onde as pessoas vinham colocando o grupo.
Unlikely é um conjunto de canções potentes e, ao mesmo tempo, uma declaração de independência de uma banda que sabe muito bem o que fazhttps://youtu.be/us6BvFqoBrY

Paulo Miklos com "A Gente Mora no Agora"










Para terminar...
O novo álbum do 
Paulo Miklos, que deixou os Titãs e pouco falou sobre o que faria musicalmente, não é um disco de Rock, mas ainda assim, não poderia estar fora desta lista pois é um dos melhores lançamentos do ano e o Miklos tem o rock nas veias.
Sorte nossa que ele resolveu lançar um disco solo chamado A Gente Mora no Agora, onde mostrou uma sensibilidade incrível nos mais diversos aspectos.
Primeiro, não hesitou em abrir o coração para falar a respeito de assuntos dos mais pessoais e doloridos, com uma honestidade brutal. Foi assim, por exemplo, que abordou a morte de uma companheira de longa data e falou sobre como está pronto para amar de novo.
Segundo, resolveu chamar tanto nomes dos mais consagrados da música nacional, como
Nando Reis, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes e Guilherme Arantes, mas também mostrou que sabe o que está acontecendo na nova música brasileira, escrevendo canções ao lado de Tim Bernardes, Russo Passapusso, Emicida, Silva e Mallu Magalhães.
https://youtu.be/m9AFVy9XkXY

"Sorte e Azar"

Não é possível compreender razoavelmente a sintaxe do rock nacional sem ouvir o
primeiro disco do Barão Vermelho de 1982.
"Sorte e Azar" foi uma canção que ficou de fora do álbum na época. Remasterizada em
2013, os integrantes originais da banda regravaram os instrumentos, emparelhando
um som menos precário à voz de Cazuza, força sobrenatural que era o abre-alas,
a poética e a consciência da banda.
Ouça no volume máximo: https://youtu.be/begZuMYWsMo






















BRock 2017 - parte 3

Continuando com a Terceira parte da Relação dos Discos de Rock Brasileiro Lançados em 2017 e que Merecem sua Atenção:


Vanguart com "Beijo Estranho"










Mais seguro de si, o Vanguart resolveu se afastar da abordagem que havia tomado há mais de três anos em seu último disco e lançou Beijo Estranho em 2017. O quarto álbum da banda foi definido pelos próprios como um dos mais difíceis de serem digeridos pelos fãs, mas nessa busca por novas experiências e temas, a banda acabou lançando um dos pontos altos da carreira. Confira: https://youtu.be/c1ptqs3eBUg

gorduratrans com "paroxismos"



Em paroxismos, segundo disco da dupla carioca gorduratrans, sentimentos melancólicos são aliados a instrumentais sujos e pesados, resultando num trabalho que bebe muito da fonte do shoegaze, mas com um toque único de estilos como emo e rock alternativo: https://youtu.be/PCIEE4fCrwY


My Magical Glowing Lens com "Cosmos"
















A talentosa Gabriela Deptulski vem chamando a atenção da gente há muito tempo e em 2017 resolveu transformar o My Magical Glowing Lens em uma banda propriamente dita.
A partida da “carreira solo” e a empreitada em um grupo com outros músicos acabaram resultando em um registro interessante sobre a natureza, o espaço, as amizades e mais, tudo muito bem embalado pela psicodelia. Se liga na viajem: https://youtu.be/3XgbExVCaXU


Negro Leo com "Action Lekking"




Action Lekking traz o Negro Leo que aprendemos a apreciar com os ótimos lançamentos dos anos anteriores: um compositor e performer voraz, insaciável, farejador de convulsões sociais. No novo álbum, ele é (muito bem) acompanhado pela bateria de Sérgio Machado e pelo baixo de Fábio Sá, criando um jazz punk urgente e essencial no Brasil contemporâneohttps://youtu.be/tONmPmcy54c


Cafe Republica com "Caravana"











Com Caravana, o Cafe Republica consolidou seu espaço na cena carioca. Misturando psicodelia e música brasileira, o resultado são nove faixas maduras que remetem à bandas brasileiras das décadas de 60 e 70https://youtu.be/XNquoLAKoo4

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

BRock 2017 - parte 2

Continuando com a Relação d'Os Discos de Rock Brasileiro Lançados em 2017 e que Merecem sua Atenção:


Abrindo esta segunda lista, Meu Amigo Tigre com "Toró"





Segredo ainda escondido no underground brasiliense, o Meu Amigo Tigre usa a complexidade do jazz, a intensidade emocional do post-rock e a liberdade do indie para criar Toró, seu terceiro e melhor álbum até aqui. O uso inteligente de samples e o virtuosismo bem aplicado, sem firulas, resulta em composições espertas que não caem no erro de se levar a sério demais.
Só ouvindo pra entender: https://youtu.be/Ar2ojAykHH4


Bullet Bane com "Continental"

A banda de hardcore Bullet Bane é uma das mais interessantes do país no gênero e em 2017 resolveu sair da zona de conforto e passar a compor em Português.
O resultado é Continental, que não apenas traz canções na nossa língua como também mostra o grupo indo além do hardcore tradicional e experimentando com elementos do indie e do post-hardcore. Vale a pena conferir: https://youtu.be/PCIEE4fCrwY

Sound Bullet com "Terreno"




Terreno é um disco repleto de experiências para a Sound Bullet: há aqui traços do rock alternativo, do math rock e até mesmo do jazz, tudo misturado com características brasileiras e letras que falam das relações pessoais em tempos tão difíceis como os que vivemos.https://youtu.be/qM3zxptc_r0


Deb And The Mentals com "Mess"

A banda paulistana Deb And The Mentals tornou-se conhecida na cena por fazer punk
rock dos mais cheios de energia e aliar suas gravações de estúdio a incríveis performances ao vivo.
Em seu novo disco, incorporou elementos de estilos como a new wave e o pós-punk com muita classe.: https://youtu.be/8fXs3-4oNPI

Boogarins com "Lá Vem a Morte"













A banda goiana Boogarins é, já há algum tempo, um dos nomes mais quentes da música nacional. Muito bem conceituados por aqui, os caras também têm rodado o mundo com suas excursões e entre tantos shows arrumaram tempo para lançar um novo disco que pegou todo mundo de surpresa.
Lá Vem A Morte tem 8 canções, 27 minutos e parece escancarar a dinâmica que o grupo tem para, mesmo com a pressão de ser um dos nomes mais celebrados do país, compor, gravar e tocar com naturalidade, exaltando a criatividade: https://youtu.be/veX-n20DCRs

Isso

♪ "isso... passam-se os anos, sempre foi assim e será sempre igual..." ♪

Canção dos Titãs na voz de Paulo Miklos acompanhado pelo violão de Michele Cordeiro.


Dado Villa Lobos "Exit"

Álbum 'EXIT' aponta saída para Dado Villa-Lobos no caminho das canções:
por Mauro Ferreira

Há saída para Dado Villa-Lobos fora do universo particular da Legião Urbana, banda brasiliense que catapultou ao estrelato esse guitarrista de origem belga e vivência brasileira? Parece que sim. Por mais que soe irregular e ligeiramente inferior ao anterior álbum solo do artista, EXIT (RockIt!) aponta honrosa saída no caminho de canções mais reflexivas como A saudade dos unicórnios (Dado Villa-Lobos, Nenung e Estevão Casé) e Voltando para a escola(Dado Villa-Lobos, Nenung e Roberto Pollo), destaques da safra oscilante deste quarto álbum solo de Dado, produzido por Estevão Casé com Lucas Vasconcellos.

Sem dom para a arte de cantar, Dado mostrou há cinco anos no álbum anterior, O passo do colapso (2012), que consegue se movimentar à vontade em faixas mais climáticas. Em EXIT, disco lançado neste mês de dezembro de 2017, tal habilidade é reiterada em Integrado(Bruno Di Lullo e Domenico Lancellotti), tema espiritualizado de lavra alheia que poderia figurar em qualquer disco da banda gaúcha Os The Darma Lóvers, cujo mentor, Nenung, vem sintomaticamente alicerçando a parceria com Dado disco após disco, a ponto de assinar, sozinho ou como parceiro do artista, nada menos do que sete das 12 músicas de EXIT.




De todo modo, a assinatura de Nenung jamais se afiança como garantia de êxito. Partida(Nenung) se envereda pelo campo do rock, desbravado já no início do álbum pela stoniana 7 X 1 (Dado Villa-Lobos, Nenung e Gabriel Muzak), rock que dá o pontapé inicial de EXIT com a exposição das derrotas cotidianas no Brasil em todos os campos. Poderia ser um golaço, mas 7 X 1 soa como um rock fora de forma em disco que geralmente se desvia da fúria do rock por trilhos mais suaves.

Com capa que expõe unicórnio no traço do pintor belga Martin de Vos (1532 – 1603), o álbum EXIT se escora na sonoridade. Mesmo que o cantor seja falso e que não sejam exatamente bonitas canções como Respeito (Dado Villa-Lobos e Nenung), EXIT escapa do fiasco pela sonoridade sedutora que envolve músicas como a road song Blue (Dado Villa-Lobos e Nenung) e L’oeil du drône, canção do produtor Lucas Vasconcellos vertida por Dado para o francês, com letra recitada na primeira metade da faixa.

É inegável a contribuição de Estevão Casé e de Lucas Vasconcellos como produtores desse álbum em que Dado traz para o português um tema do repertório do grupo norte-americano de rap Beastie Boys – I don't know (Mike D, Ad-Rock e MCA, 1998), intitulada Então vem na versão folk gravada em EXIT com o vocal da cantora carioca Nina Becker – e em que dá a voz opaca a uma composição de Lourenço Monteiro, A bolha.



Enfim, "O presente é um caminho sem volta", como reconhece e canta Dado em verso de Voltando para a escola, música que encerra EXIT e que embute citação de Every little counts(Bernard Summer, Peter Hook, Stephen Morris e Gillian Gilbert, 1986), composição que fecha o quarto álbum de estúdio da banda britânica New Order, Brotherhood (1986).

Aos 52 anos, Dado Villa-Lobos sabe que já não é nenhum garotinho. Mas, como admite em outro verso da música, ainda se sente na escola, seguindo passo a passo em meio ao colapso e aprendendo a soprar novos sonhos (e sons) no mundo. (Cotação: * * 1/2)