quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal
















Lobão Elétrico Lino, Sexy & Brutal é um tremendo DVD nacional de Rock, num país onde só se vê DVD de dupla sertaneja. Pesado, sujo, arrogante, um manifesto de uma das línguas mais abusadas do Rock Brasil. Um item escasso no mercado rock está presente em altas doses aqui: Atitude, porra!


Lobão faz um apanhado desde seu primeiro grande sucesso, Me Chama, até o material da fase independente. Nos extras, diz que é o primeiro CD/DVD produzido integralmente à sua maneira: “Estou declarando minha alforria. Finalmente ouço minhas músicas do jeito que eu queria em 35 anos de carreira. Esse disco é o que entendo como música popular brasileira que eu gostaria de ouvir.”

São 19 músicas no DVD, 14 no CD, de 35 tocadas num show de quatro horas no Palace de Sampa à zero hora de 1º de outubro de 2011, a noite em que rolava o Rock in Rio com Frejat, Skank, Maná, Maroon 5 e Coldplay, como ele citou numa entrevista.

Lobão agregou o Elétrico pra fugir da aura do Acústico, de  2007, e senta a mamona com uma banda formada por Andre Caccia Bava (guitarra e vocais), Dudinha Lima (baixo e vocais) e Armando Cardoso (bateria). O DVD foi “ensaiado” durante dois anos em shows pelos Brasis. Lobão assumiu o comando de imagem e áudio com Ruy Mendes e Chris Winter, Aurélio Kauffman captou o áudio, Lobão mixou com Maurício Cersósimo e masterizou em Abbey Road. A distribuição é feita pela DeckDisc.

O repertório tem 11 músicas já registradas no Acústico MTV em versão elétrica, na primeira parte mistura a fase independente e os sucessos dos anos 80, repaginados nos três bis.  A música de abertura tem um impacto muito forte. Não Quero Seu Perdão, dele com o falecido Julio Barroso. Lobão fala pausadamente em cima de uma base cheia de efeitos eletrônicos que contrastam com sua voz. É do CD Canções Dentro Da Noite Escura (2005), também gravada em 1986 pelo Barão Vermelho no LP Declare Guerra: “E me dá vontade de cantar uma canção tão suave/ Que os céus possam se abrir sem nuvens nem rastros/ E que todas as mentiras pra derrotar/ Se transformem em pequenas incertezas brilhando no seu olhar.”
Lobão diz nos extras que não se considera um grande guitarrista. É vero, principalmente diante do convidado Luiz Carlini, mas ele se vira muito bem. Desenvolveu um estilo que usa distorções e efeitos de alavanca, presente em três das seis guitarras usadas no show. Na mixagem 5.1 Dolby, ele muitas vezes joga as alavancadas distorcidas no surround maximizando o impacto.

O Grande Lobo é bom de melodia e uma característica é alternar momentos melódicos de vocal atenuado com partes vociferadas (Kurt Cobain também tinha essa linha). Ele nunca suaviza sua emissão, sempre poderosa. Muitas vezes fala em vez de cantar, modulando a voz de diversas maneiras na mesma música.

Quando ele diz ser o primeiro DVD ao seu jeito Lobão menciona o som de guitarra e, realmente, as três - dele, de André e do convidado Carlini - cospem fogo. Sempre presto atenção nas mixagens 5.1 e uma coisa que sempre quis ouvir foi um efeito de pan que passasse pelo surround, ou seja, saísse de um dos lados da frente e fosse para o outro lado passando pelas caixas de trás. Lobão faz isso várias vezes, e não só de guitarra, a simulação de metralhadora com a voz em Vida Bandida também recebeu o mesmo efeito. O som de bateria, privilegiado na mixagem, também ecoa no surround. O engenheiro Mauricio Cersósimo, que mixou junto com o Lobão, explica: “A bateria veio com um isolamento impressionante. Isso me ajudou bastante na mix, pois consegui trabalhar bem o som dela, comprimindo-o bem mais do que o normal para show e com mais liberdade na equalização. Acredito que a bateria seja um dos pontos fortes no som do DVD.”
Na contracapa consta que o DVD tem a encodagem DTS, mais poderosa, mas veio apenas a Dolby. Pena, porque o som ficaria ainda mais encorpado.

Cersósimo explica o conceito de mixagem: “Lobão quis algo mais artístico e menos técnico. Eu também não acredito em 5.1 "discreto", isto é, cada coisa indo apenas para sua posição. A sensação do 5.1 só funciona quando você começa a "espalhar" as coisas. Praticamente tudo que tinha muito efeito a gente procurou explorar ao máximo. Na maioria das vezes as guitarras tiveram esse papel, delays, reverbs, etc. Fizemos também com algumas vozes e procuramos enfatizar as dinâmicas da banda no contexto surround.” Isso é algo raro nos DVDs nacionais, que deixam o surround para o publico, não esquecido aqui, mixado junto com os instrumentos.

Atrás da veemência do Grande Lobo também bate um coração. Ele compõe muitas canções que, se tratadas a Me Chama na gravação original, disputariam espaço nas paradas de sucesso. Mas ele não faz o jogo do mercado nem fudendo.

Assim é com Vamos Para O Espaço, por exemplo: “Num disco voador/ Ouvindo o som do céu/ Banhados de luz/ Sem tempo e sem lugar/ A gente a se amar/ No meio do fim.” Ele canta com veemência, mete distorções e grita “Vamos para o espaço baby” com uma guitarra distorcida e um theremin, ou teclado, fazendo som espacial. O mesmo acontece com Você e a Noite Escura, Balada do Inimigo, Das Tripas Coração.

Ovelha Negra, da fase Tutti Frutti de Rita Lee, foi incluída para o solista do original, o convidado Luiz Carlini, apresentado por Lobão como um dos maiores guitarristas do mundo. Com sua Gibson Les Paul Gold Top ele arrasa mesmo e ainda contribui com uma lap steel em Balada do Inimigo. Nos bis, ele faz os solos dos grandes sucessos, menos no encerramento. Lobão decidiu fechar com Por Tudo Que For, ele numa Zagarin de 12 cordas e Andre numa Fender Stratocaster dialogando em solos.

Não falei das imagens, cacete, e já tá muito grande. Lobão optou por um visual rock para o palco, com todos os instrumentos e monitores e amplificadores visíveis. Nem usa in ear, prefere caixas de retorno de chão mesmo, duas em estéreo, onde manda botar a banda inteira na posição que está no palco. Um telão de fundo preenche com efeitos que podiam ser melhor aproveitados no DVD em superposições, por exemplo. O público é mostrado sempre com imagens distorcidas em apenas uma cor (azul, por exemplo). Chega.
 












Equipamentos
Lobão 
Guitarras

Gibson Black Beauty com alavanca Bigsby
Zaganin Telecaster com alavanca Bigsby
Zaganin Telecaster 12 cordas
Rickenbacker 12 cordas Roger McGuinn Signature
Fender Telecaster
Sector Les Paul com alavanca Khaler
Amplificadores
2 Vox AC-15
2 Genz Benz El Diablo 60TS.
(Ligados em estéreo)
André Caccia Bava
Guitarras

Fender Stratocaster
Gibson Les Paul Custom
Gibson SG com alavanca Bigsby
Obs. Na música Das Tripas Coração usa a Zaganin 12 cordas do Lobão.

Amplificadores
1 Marshall JCM 800
1 Fender Deville
(Ligados em estéreo)

Dudinha Lima
Baixos

Fender Jazz Bass
Giannini modelo Rickenbacker
Yamaha

Amplificador
1 Cabeçote Aguilar DB 250 

Luiz Carlini
Guitarras
Gibson Les Paul Gold Top
Gibson Les Paul Double Cut
Lap Steel Del Vecchio (dos anos 70)

Amplificadores
1 Fender Stage 1000
1 Marshall - usado apenas para Lap Steel.
1 Mesa Boogie Dual Rectifier (backup)

Fonte: Wilson Cachorrão Cavalcanti, técnico de guitarra do Lobão.
Captação de áudio
- Em 48 canais numa mesa Inglesa "Amek Recall" que possui em cada canal um pré Neve 9098. Registrado num sistema Protools HD. 
- A voz do Lobão passou por um pré/compressor/Equalizador valvulado Maley VoxBox.
- Captação das guitarras com quatro microfones ( um pra cada amplificador ) Shure SM 57. 
- No baixo, na linha um compressor valvulado Summit TLA-100A e outro canal com o amplificador microfonado com Shure SM 57. 
- A bateria Ludwig sem pads, toda acústica. Dois mics no bumbo AKG DS 112 e SM 91. Nos tons Sennheiser MD 421 e nos pratos AKG 414. 
- O Sistema foi todo locado da empresa Loudness (Campinas)
Fonte: Aurélio Kauffmann, que fez a gravação de áudio.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Legião & Capital: Loro Jones e Kadu Lamback fazendo um som

O co-fundador do Capital Inicial,o emblemático Loro Jones, que deixou o grupo em 2001, abandona Brasília e muda-se para a capital paranaense onde também mora há alguns anos o Eduardo Paraná, que adotou o nome artístico de Kadu Lamback. Kadu ficou conhecido pela participação do 1º show da Legião Urbana em 1982 e saiu do grupo logo em seguida por ser "muito virtuoso" de acordo com declarações posteriores dos integrantes da Legião. Agora juntos ensaiam em Curitiba para quem sabe lançarem um álbum em parceria.

"Nossa cena foi o último movimento de rock relevante", diz Di do NX Zero












por Marina Tonelli

Em 2006, a cena musical brasileira vivia um fenômeno adolescente que causou controvérsias: o emocore. A explosão, originada principalmente graças à internet, misturava um visual chamativo e colorido com músicas melosas e angariava legiões de fãs. Oito anos depois, muitas das bandas da época não resistiram ao declínio e ao esquecimento. O NX Zero, porém, um dos principais ícones da cena, conseguiu se reinventar apesar das crises.

Recentemente, a banda lançou o EP "Estamos no Começo de Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não" em que mostra uma faceta madura e bem diferente do álbum homônimo de 2006. Mas o que nem todo o mundo sabe é que o grupo passou por uma crise devido às pressões que o sucesso massivo do passado causou.
"Eu estava reclamando do que sempre sonhei, chegava a ser contraditório", conta Di Ferrero. A banda passou por um período conturbado em que a música deixou de ser diversão e se tornou obrigação. "Rolou aquele sentimento de ser uma máquina ou um produto, aí onde ficava a arte em tudo isso? Pensei até em tirar uns seis meses de férias, mas me senti mal comigo mesmo."
O vocalista então propôs à banda tentar se reencontrar em um estúdio improvisado dentro de uma casa de praia. "Ficamos isolados, só saíamos para os shows. Começamos a lembrar do passado, e aquele prazer de tocar de novo foi voltando aos poucos. Daí saiu a ideia do EP", explicou o Ferrero. "Hoje em dia eu entendo quando acontece de um cara querer sair da própria banda. Mas a gente conseguiu passar por isso, e, de certa forma, foi bom, porque trouxemos de volta a sinceridade do som."
O clima litorâneo presente nas novas músicas relembra Charlie Brown Jr e deixa para trás a dor de cotovelo, um dos temas amplamente abordados pelo grupo na antiga fase. "Essa semelhança com Charlie Brown foi como uma ode. Não foi planejada, mas, assim que a percebemos, chegamos até a mostrar para o Thiago e o Champignon. E ele concordou, inclusive."
O vocalista, que também é jurado no reality show musical "The Voice", comentou sobre como o leque de influências cresceu com o amadurecimento musical do grupo. "A música se separa entre 'boa' e 'ruim', não por estilo. A gente é uma banda de rock no Brasil, e é da nossa cultura essa mistura", explicou. "Outro dia, até, eu estava conversando com o Thiaguinho, porque queria umas indicações de discos do Jorge Aragão. A nossa escola é o rock, mas temos a cabeça muito aberta."
Sobre o cenário atual do rock brasileiro, que perde cada vez mais espaço perante o reinado do sertanejo universitário, Di Ferreiro se demonstra flexível. "O Brasil sempre tem suas modas. Agora é o sertanejo, mas antes já foi o rock, assim como já foi o funk e o samba. Isso não é ruim", diz ele. Mas sobre o rock que é feito no país atualmente, ele conclui: "Nossa cena foi o último movimento de rock relevante".
Os projetos futuros da banda incluem shows para o mês de dezembro e um novo disco para depois do Carnaval. "Estamos todo dia no estúdio, completamente focados no disco novo. Mas não queríamos deixar para trás esse momento que o EP marcou na nossa carreira." 

Sky Down e Luta Civil – Singles e homenagens

As bandas Sky Down e Luta Civil lançaram homenagens ao Cólera e Fogo Cruzado, a primeira ainda teve um tempo de sobra e gravou “Manimal”, do Germs. A Sky Down gravou as músicas “C.D.M.P” e “X.O.T”, do Cólera, além da própria “Manimal”, no Estúdio Costella, enquanto a Luta Civil gravou “Punk Inglês”, do Fogo Cruzado, no estúdio do David Menezes, vocal e guitarra da banda Desgraciado.
Festival "Começo do Fim do Mundo", realizado em 1982.

Se você não está lembrado, as músicas “X.O.T” e “Punk Inglês” fazem parte do álbum Sub, caso algum dos leitores viva em Marte e não saiba do que se trata (discografia básica para quem curte punk rock), Sub é uma coletânea lançada em 1983 e que reúne algumas das principais bandas punks do Brasil. Neste álbum estão as bandas 
Cólera, Ratos de Porão, Psykóze e Fogo Cruzado. Um álbum clássico, marcou história e influenciou diversas bandas pelo mundo. Abaixo você confere as regravações de Sky Down e da Luta Civil, não deixe de visitar as páginas das bandas.

Baixe o som nos links abaixo:



Sky Down
http://sky-down.bandcamp.com/album/c-d-m-p-x-o-t-manimal-c-lera-germs-tribute


Luta Civilhttp://lutacivil.bandcamp.com/album/tributo-ao-sub

Qual é o seu disco preferido dos Paralamas?

O da Fernanda Takai é o "Severino" (1994). E ela explica por que:

"Desde o projeto gráfico à escolha das canções, mostra os Paralamas numa fase bem conectada ao mesmo tempo com a paisagem brasile
ira e a uma sonoridade mundial. Vimos alguns shows dessa turnê e era muito impressionante o domínio de palco que eles tinham atingido." 

(crédito da imagem: Dudi Polonis | arte: Belisa Bagiani)