terça-feira, 17 de março de 2015

"Pior Cenário Possível"

O baixista China não faz mais parte do Matanza. Em seu lugar, entra Dony “Don” Escobar, o primeiro à direita, na foto acima. China decidiu sair da banda porque deseja tocar guitarra – não baixo – daqui para a frente. No momento, ele passa férias no Havaí. Don Escobar tem no currículo as bandas Vulcânicos e Estudantes, entre outras. Outra novidade é que a banda liberou o primeira single do seu vindouro álbum que se chamará "Pior Cenário Possível", que será o sétimo da banda. Confira o vídeo clipe da música "A Sua Assinatura":

Você Precisa Conhecer o Cascadura

Documentário que integra do DVD Efeito Bogary (2009). Apresenta a trajetória de concepção, produção, gravação, lançamento e difusão do nosso quarto álbum, "Bogary", lançado em 2006. Esse percurso é apresentado por meio de depoimentos de André T. (produtor), Pitty, Lobão, Nando Reis, Ronei Jorge, Rodrigo Lima (Deadfish) e outros.

Seu Juvenal e o rock que deu errado


Seu Juvenal e o rock que deu errado
Muitas vezes chamada de esquisita, banda mineira lança novo álbum



Muito punk para ser metal e muito vintage para ser indie. O Seu Juvenal é daquelas bandas de rock que, na falta de um adjetivo melhor, você chamaria de esquisita.
Formada em Uberaba, Triângulo Mineiro, em 1997, antes eles atendiam pelo nome de Os Donátilas Rosários. Como não recebiam muitos convites para shows por serem considerados "estranhos demais", acabaram mudando para Seu Juvenal.
A primeira demo saiu logo no ano seguinte. Intitulada “Cyberjecas no Sertão da Farinha Podre”, foi gravada em São Paulo sob produção de Rainer Tankred Pappon (Central Scrutinizer Band).


Eis então que surgiram shows, festivais, mais demos e participações em coletâneas. A banda também gravou dois discos, "Guitarra de Pau Seco" de 2004 e "Caixa Preta" de 2008, e acabou transferindo-se para a cidade de Ouro Preto/MG onde estabilizou sua formação com Bruno Bastos (Vocal), Edson Zacca (Guitarra/Violão/Voz), Alexandre Tito (Baixo) e Renato Zaca (Bateria/Voz).
Passados quase 20 anos, hoje o Seu Juvenal encontra casa cheia toda vez que se apresenta em Uberaba, mesmo sendo a mesma banda estranha e esquisita de antes.
"Nós não somos bonitos e nem coloridos. Não tocamos na rádio e não nos enquadramos em nenhum segmento. Fazemos rock do jeito errado para os padrões do politicamente correto", é o que diz o baterista Renato Zaca.
Não poderia haver título mais apropriado para o novo álbum do Seu Juvenal do que "Rock Errado". O disco foi gravado em apenas quatro dias em Passagem de Mariana, região de montanhas do estado de Minas, sob produção de Ronaldo Gino, também guitarrista da banda Virna Lisi. O disco reúne 10 faixas: "Homem Analógico", "Free Ordinária", "Antropofagia Disfarçada", "Asfalto", "Louva A Deus", "Um Dia de Fúria", "Rock Errado", "Moleque Dissonante", "A Chuva Não Cai" e "Burca".


"Rock Errado" vai na contramão de qualquer tendência do mercado fonográfico e será lançado exclusivamente em vinil pela gravadora Sapólio Rádio. O disco chega às lojas em Novembro.
Entre outros erros que deram certo, está também o videoclipe de "Burca" que o Seu Juvenal lançou para promover "Rock Errado". Com a direção de Marcello Nicolato,
o vídeo conta com a participação da atriz Nina Caetano no papel de uma mulher vestida de burca que perambula pelas ruas de Ouro Preto exibindo manifestos de opressão contra as mulheres.


O vídeo de "Burca" está disponível no Youtube: http://youtu.be/4HjdJ2_Kk4A



Informações para Imprensa:
Eliton Tomasi - SOM DO DARMA
eliton@somdodarma.com.br
www.somdodarma.com.br
(15) 3211-1621






Esquerda, Grana e Direita

Tom Zé

quinta-feira, 5 de março de 2015

Módulo 1000 “Não Fale com Paredes”


Módulo 1000 
Não Fale com Paredes”por Tiago Ferreira




Módulo 1000 é tido hoje como referência nacional de rock progressivo, dono de um dos LPs mais raros do gênero, com CD fora de catálogo e reconhecido pela excelência musical que criou. Mas demorou pra chegar a isso.



O único registro oficial da banda é o álbum Não Fale com Paredes, que saiu a muito custo pela Top Tape, na segunda metade de 1970.



Antes desses cariocas chegarem à esplêndida técnica que norteia o disco, tiveram que tocar, sobreviver e persistir no penoso cenário underground do rock.



A exemplo dos Brazilian Bitles, que ganhavam dinheiro com seus covers (e até chegaram a ser confundidos com os próprios Beatles por alguns programas de TV desavisados), Daniel Romani e Eduardo Leal tentaram criar a mesma projeção com os Brazilian Monkees (com covers de The Monkees).



Os clubes no Fluminense e no Botafogo eram os melhores locais para conseguir uns trocados, mas as coisas tomaram outro rumo quando se inscreveram no concurso de bandas amadoras do programa de Paulo Silvino, na TV Globo.



Nesse tempo, eles contaram com a ajuda do vibrafonista Paulo Cezar Willcox, conhecido como Zé Bola. Jazzista dos bons e com grande presença de palco, Zé Bola incrementou a sonoridade do grupo com um rigor que permitiu evolução a Daniel, Eduardo, Candinho e Luiz Paulo Simas, exímio tecladista e peça fundamental para a cozinha musical do grupo.



A partir de então a banda se chamaria Código 20, como forma de se desprender a um único repertório de covers. Assim, eles podiam expandir suas versões para temas de Burt Bacharach e Nelson Motta (por influência de Zé Bola) a Cream e Rolling Stones.



O novo integrante estimulou os ensaios, ajudou a definir horários e estipulou que cada instrumento fosse bem cuidado, pois era entendido como um bem coletivo. Por conta desse rigor organizacional, a banda aprimorou-se e faturou a premiação da TV Globo com apresentações acachapantes de “There’s a Kind of Rush”, dos Herman’s Hermits, e “Tequila”, dos The Champs, muito executada na época (mas nenhuma que se igualasse, pelo que dizem as boas línguas, à versão da banda).



Nesse tempo, a banda já se chamava Código 20, mas preferiu mudar por conta de outra banda de São Paulo com nome parecido (Código 90). Ficou Módulo 1000 (“alusão direta à corrida espacial e à iminente chegada do homem à Lua”, escreveu o jornalista Nelio Rodrigues no livroHistórias Secretas do Rock Brasileiro). E novas portas se abririam: tocariam em clubes e baladas em São Paulo e na Baixada Santista, espalhando suas versões nada convencionais de acid-rock, com um toque apimentado de neotropicalismo.



No entanto, os integrantes da banda sentiam escapar a fluidez musical da banda, por conta dos novos rumos que surgiram após a entrada de Zé Bola. Com o passar do tempo, eles mesclaram o som típico de bailes com suas usuais experimentações sônicas. Zé insistia no ‘quanto mais comercial, melhor’, mas percebeu que a pegada era outra na apresentação do V Festival de MPB da Record, de 1969, onde a banda deixou de usar ternos e vestiu-se de andrajos similares aos que os Tropicalistas mostraram em 1967.



A banda mandou mal na apresentação e Zé Bola decidiu dar o fora. A demanda por bailes diminuiu, mas a sorte haveria de mudar após a intervenção dos compositores Sérgio Fayne e Vitor Martins para que conseguissem audição na gravadora Odeon. Por ser dona de um catálogo extenso de MPB, Jovem Guarda e soul brasileiro, eles preferiram apresentar versões adocicadas de alguns covers.



De música original, ficou a poderosa “Ferrugem e Fuligem”, que marcava com guitarras eletrizadas e quentíssimas uma letra de cunho ambiental. Naquele momento, esta faixa integraria a coletânea Posições, também com “Curtíssima” e outras faixas dos grupos Tribo, Equipe Mercado e Som Imaginário. (No relançamento em CD de Não Fale com Paredes, as duas faixas foram incluídas como bônus.)



O disco, de fato, só chegou a ser gravado depois, em outra gravadora. O produtor da Top Tape Ademir Lemos, que tinha grande aval do chefãoZezinho, viu a potência ao vivo da banda e sentiu que a experiência de tocar ao redor do Brasil (por conta da influência do agitador cultural Marinaldo Guimarães), aliado à técnica inigualável da banda, era merecedora de liberdade total.



Com toda essa liberdade, o trabalho mais difícil foi convencer o técnico de som Válter, que não entendia as maluquices de gravar teclados no banheiro, usar microfonia para ambiência, inserir ecos e encontrar novos tipos de reverberação.



Quando Zezinho foi conferir o resultado final de Não Fale com Paredes, felizmente era tarde. O disco já estava na prensa, em formato soberbo de capa tripla, pronto para ir às lojas.



Os xingamentos não foram poucos. “Este disco é uma merda e não dá pra explicar uma merda dessas!”, disse Zezinho, conforme registrou a obra de Nelio.



Desprovido de qualquer traço pop, o único álbum do Módulo 1000 é lisérgico, progressivo, provocador e acentuadamente virtuoso. Os riffs de guitarra de Daniel na faixa-título se mesclam aos efeitos de fuzz, como se viesse do mesmo embrião dum Maggot Brain (1971). “Led-em-Ecalg”, que foi parar na coletânea europeia Love, Peace & Poetry, tem guitarras enfurecidas, mas não tem como não destacar as viradas excepcionais da bateria de Candinho.



Uma das grandes características da banda foi alocar a sonoridade de teclados e órgão na proposta roqueira. Zé Bola estava fora, mas algum crédito ele tem que merecer por fazer com que Simas fluísse numa linguagem solta no instrumento. Naquele momento, a grande novidade era o sintetizador, e é a ele que se deve os efeitos de “Metrô Mental”, uma das primeiras faixas no Brasil a fazer uso do instrumento.



Mesmo sendo bem viajeira e psicodélico, Não Fale com Paredes é um disco que engana por ser doidivanas, assim como engana por uma suposta lucidez. “Turpe Este Sine Crine Caput”, que chegou a ser contestada pelos militares do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) por conta de sua letra em latim, não fala nada mais que ‘É um fato, é um fato, é horrível uma cabeça sem cabelos…



“Olho por Olho, Dente por Dente” é a mais cantarolável do grupo. Não há nenhum trejeito pop, mas o peso das viradas é de entortar os olhos de qualquer afeiçoado por acid-rock. É o momento da roda, e não é de se estranhar que role um pogo durante sua vibrante execução.



Não Fale com Paredes é um disco intenso, mas curto. A versão original do vinil (raríssimo) contém apenas 9 faixas. As citadas “Ferrugem e Fuligem” e “Curtíssima” entraram como faixa-bônus no CD, também esgotado. É possível encontrar versões internacionais que incluem faixas como “Big Mama”, “Waiting for Tomorrow”, “Cafusa”, “The Cancer Stick”, “Isto Não Quer Dizer Nada” e “Gloriosa”, todas do período em que a banda ainda tocava em bailes para sobreviver. 



Aparentemente elas surgem deslocadas no contexto derretedor do álbum, mas ajudaram a banda a se manter na cena e ilustrar um momento único no rock brasileiro. São, portanto, necessárias para entender a grandeza de uma das bandas mais virtuosas que o Brasil já teve.





Ouça o disco: “Não Fale com Paredes”

1. Turpe Est Sine Crine Caput 2. Não Fale Com Paredes 3. Espelho 4. Lem-ed-êcalg 5. Olho Por Olho, Dente Por Dente 6. Metrô Mental 7. Teclados 8. Salve-se Quem Puder 9. Animália 10. Curtíssima 11. Ferrugem e Fuligem "Não Fale Com Paredes", o único álbum da banda, um exercício de criatividade instrumental, marcada por riff's marcantes de guitarra que, hoje, pode-se nivelar aos melhores discos do gênero produzidos no país e no exterior. "Turpe Est Sine Crine Caput", cantada em latim, com um impressionante trabalho de guitarra, abre o disco mostrando o que vem pela frente. "Não Fale Com Paredes", com parte da letra de Vitor Martins ("Uma pessoa/É uma figura/É uma imagem/Numa moldura"), em clima de quase hard-rock à la Grand Funk Railroad, expõe a face mais pesada do grupo. E "Espelho" é uma viagem acústica, com vocais suaves, que lembra um pouco a sonoridade dos Mutantes. O tecladista Luiz Simas notabilizou-se como autor do plim-plim da Rede Globo.

Após 38 anos, Made in Brazil lança em LP disco proibido pela ditadura militar

Quase quatro décadas após sua gravação, finalmente o disco “Massacre”, da banda Made in Brazil, está disponível aos fãs no formato para o qual ele foi pensado, em disco de vinil. Este álbum foi gravado em 1977, mas não foi lançado na época por ter sido censurado pelos obscuros censores da ditadura militar vigente no Brasil. “Massacre”, que seria o terceiro disco original da banda, chegou a ser lançado em CD em 2005, mas agora, graças ao trabalho da Mafer Records, sob licença da Made in Brazil Records, o álbum está disponível em uma edição limitadíssima de 300 cópias em disco de vinil para alegria dos fãs e colecionadores. Para a gravação de “Massacre” o Made in Brazil contou com os seguintes músicos: Percy Weiss (voz), Roberto Gourgel ‘Juba’ (bateria), Rubens ‘Rubão’ Nardo (vocais), Tony Babalu (baixo, violão, guitarra), Eduardo Depose (guitarra), Wander Taffo (guitarra), Dudu Chermont (guitarra), Beto Gavioto (bateria), Franklin Paolillo (bateria), Tony Osanah (flauta), Rubens ‘Rubinho’ Diniz (teclado), Oswaldo ‘Rock’ Vecchione (baixo, violão, guitarra) e Celso ‘Kim’ Vecchione (guitarra). Além do lançamento deste disco proibido, o Made in Brazil pretende levar aos palcos o show original de “Massacre”, que também sofreu diversos vetos dos censores antes de sua estreia, em 1977, no antigo Teatro Aquários, na região do Bixiga, na capital paulista. Ouça o disco "Massacre":

terça-feira, 3 de março de 2015

Bandas de rock conquistam espaços e público no Rio

Geração unida sob a hashtag #acenavive junta profissionalização e capacidade de articulação na internet

Por Leonardo
Lichote



















Eles se reúnem, planejam estratégias de ocupação da paisagem musical carioca e têm um traço estético comum - que pode ser resumido numa palavra de significado amplo, "rock". Dessa forma, conseguiram impulsionar uma agenda constante de eventos por toda a cidade (como o Imperator Novo Rock, no Méier, que reúne uma média de 500 pessoas em cada uma das edições mensais); cavaram seu espaço na Rádio Cidade (dedicada ao segmento); e criaram uma rede (espaços, fãs, produtores, artistas) que viabiliza a carreira das bandas envolvidas. Sua articulação, porém, não é a de um movimento, com princípios e ideias expostos num manifesto. Ela é descentralizada, espalhada, seguindo a lógica organizacional da web. O fato de ter uma hashtag como nome evidencia isso: #acenavive.

As bandas - dez delas estão representadas na foto acima, mas sob a hashtag se agrupam cerca de cem - têm origens em diversos lugares do Rio: Olaria, Coelho Neto, Barra, Ipanema, Niterói, Lapa, Maré, Mendes, Tijuca, Botafogo... Suas histórias e trajetórias são independentes e se cruzaram sob a mesma "#" há cerca de três anos, quando o produtor Felipe Rodarte (dos estúdios Toca do Bandido e Soma) propôs as primeiras reuniões entre eles.

- Eu era procurado por muitas bandas por conta das minhas produções (Érika Martins, Lafayette & Os Tremendões) e dos estúdios - lembra Rodarte. - Resolvi então que deveria apresentar as bandas umas para as outras. Criar um vínculo real. Começamos a fazer reuniões no Soma, com cinco bandas no início: Folks, Canto Cego, Stereophant, Nove Zero Nove e Drenna. Porque antigamente você tinha um modelo de mercado no qual as gravadoras fomentavam essa renovação, hoje não tem isso. Viemos nesse gap. Ter um estúdio como a Toca, um bom engenheiro, é fundamental para #acenavive. As bandas passaram a entender o novo formato do mercado, a dinâmica de formação de público, a importância das redes sociais.

A ideia da criação de um vínculo real, somada à consciência da necessidade de profissionalização e do poder de ação num mercado que é tocado mais pelas pequenas iniciativas do que pelos grandes orçamentos, fortaleceu o grupo. Hoje sua rede de palcos inclui eventos como Speed Rock, Subúrbio Alternativo, Toxic Fest, Live Animals, Folks Convida, Guadalastock, Rock no Porto, Rock na Feira, Odisseia Para Todos, Favela Rock Show, Matriz Live Sessions, Sunday Rock e Som da Cena. O espaço conquistado no Imperator Novo Rock - que numa de suas oito edições chegou a reunir mais de 700 pessoas - também é fruto dessa organização.


- Quando começamos a fazer o Imperator Novo Rock sabíamos da existência de um núcleo que se intitulava #acenavive, mas não pensamos neles - conta Paulo Lopez, produtor do evento e gerente do centro cultural do Méier. - Nossa primeira edição teve a Drenna, mas também o Tipo Uísque, que não é do grupo. E metade das bandas que já passaram pelo evento veio do #acenavive, porque elas vêm com a qualidade do som, a organização, mais maturidade, letras bem acabadas, boa atuação nas redes sociais, fotos de divulgação profissionais, clipes... Isso se reflete também em público, eles levam os fãs deles e, mais do que isso, o público que está interessado nas bandas da cena. Porque eles se frequentam, uma banda faz cover da outra, chama para participações especiais.

O grupo articulado em torno da hashtag já atraiu a atenção do compositor Marcelo Yuka. Ele participará como produtor de duas faixas do disco do Canto Cego, que sairá pela Warner (marcando a entrada do #acenavive no universo das grandes gravadoras). Yuka é um entusiasta da "capacidade de fazer barulho" do grupo:
- Uma cena só se configura se um protagonista estiver se comunicando com o outro. É o que eles estão fazendo. E toda vez que isso acontece eu quero estar, não quero nem saber que tipo de música é, com exceção do sertanejo. A força está na criação de um lugar comum, não em trabalhar pensando no próprio umbigo.
Outras bandas estão com disco no forno, como Folks, Facção Caipira, Stereophant e Nove Zero Nove. E uma coletânea está sendo produzida com dez bandas do #acenavive, com lançamento previsto para o mês que vem.

- A ideia é distribuir a coletânea de graça, em ações direcionadas, shows, colégios, assim como os sertanejos fazem - adianta Rodarte, citando os representantes do mesmo gênero citado por Yuka e mostrando que, se eles não interessam a alguns como referência musical, são exemplo por sua capacidade de articulação (assim como se pode evocar um verso do funk para sintetizar sua lei: "Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui").

A existência de estúdios, palcos, público e produtores cria o terreno fértil para a cena. E seus articuladores sabiam que um espaço no rádio para divulgar essas bandas também era importante (um paralelo imediato é feito entre a Fluminense e a cena do rock dos anos 1980). Por isso, aproveitaram a oportunidade, e com sua capacidade de mobilização na rede, comandaram a campanha pela volta da Rádio Cidade. A emissora abriga hoje o programa "A vez do Brasil", que abre espaço para bandas novas, como as do #acenavive.
Pamella Renha - produtora da Rádio Cidade e apresentadora do "A vez do Brasil", ao lado de Paulo Oliveira e Pedro Fernandes - acredita que o rádio ainda cumpre um papel importante na popularização de uma cena.

- É mais fácil alguém te apresentar coisas novas do que você sair procurando. É claro que muitas pessoas pesquisam, respiram e fazem música 24 horas por dia, mas para a grande massa o rádio pode cumprir esse papel. Nossa ideia é fazer uma grande curadoria e dar oportunidade a essas bandas para que busquem o seu espaço no mercado radiofônico. Já pensou quando todos os dinossauros do rock se forem? Quem irá substituí-los?

O pensamento estratégico na relação com a mídia tradicional (seja ela uma rádio ou um jornal) é visto como "uma guerrilha sem revolta", nas palavras de Rodarte. E anda em paralelo com a atuação eficaz que o #acenavive adota na web.
Mas, por trás da estratégia, há o relacionamento entre as bandas, que se dá cotidianamente.
- Tudo vem de uma perspectiva da rua. Há um convívio real, os pontos de encontro. Num desses lugares, o Durango's, em Botafogo, as bebidas levam o nome das bandas da cena. Os artistas do #acenavive criaram um grupo de 120 pessoas pra fazer um campeonato de futebol - conta o produtor. - Há vários exemplos. Outro dia o Facção Caipira estava precisando de um roadie, e o guitarrista do Clashing Clouds fez o serviço na camaradagem. Um cuida do outro o tempo inteiro. Todos querem ter um lugar ao sol, mas a visão da conquista é coletiva.

As falas dos artistas carregam essa consciência: "As bandas não vivem simplesmente pra tocar, mas também para produzir, dialogar sobre produção e empreender" (Keops, do Medulla); "Queríamos produzir eventos juntos, socializar nossos contatos e chamar outras bandas para entrar nesse clima de compartilhar o público, a divulgação, as despesas" (Magrão Kovok, do Canto Cego); "#acenavive não é uma produtora ou empresa, é a vontade de bandas que nasceram em uma época onde precisam, ao mesmo tempo, ser suas próprias produtoras, empresárias, roadies, profissionais de marketing, agentes" (Mauricio Kyan, do Nove Zero Nove).


A ideia de aquecer o cenário e permitir que todos consigam seu lugar aproxima as bandas mais que suas afinidades musicais. Se o guarda-chuva do rock é capaz de abrigar a todos, as variações da sonoridade e das influências de cada um deixam claro que há diversidade sob a hashtag única. O Medulla flerta com afrobeat, rap e psicodelia; o Canto Cego lista referências que incluem Elis Regina, Cássia Eller, Queens of the Stone Age, Radiohead, Lenine e Jimi Hendrix; o Re-Volt aponta para o grunge; o blues e o country formam a base da Facção Caipira.


- É a melhor safra de bandas de rock no Rio em muitos anos - avalia Paulo Lopez. - O Imperator reconheceu isso e a coisa está acontecendo lá. Se Circo e Fundição abraçarem, vai crescer mais. Essa geração do #acenavive e de outras bandas como Beach Combers pode dar muitos frutos para o rock brasileiro.

Facção Caipira - Ao Vivo no Circo Voador (Show Completo)

Dias de Luta, Dias de Glória - Charlie Brown Jr, O musical