segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Lira Paulistana

Riba de Castro foi um dos fundadores do teatro Lira Paulistana, espaço que, durante seus sete anos de existência (1979-1986), reuniu as mais diversas tribos da música independente produzida na cidade de São Paulo e nos arredores. Quando o cantor e compositor Itamar Assumpção morreu em 2003, Riba começou a esboçar um livro que contaria a história do teatro. O livro ainda não se concretizou, mas a partir dele foi se delineando a ideia do documentário, Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista, que chega aos cinemas no próximo dia 15 de novembro.
É comum associar o nome do local aos artistas que compuseram a vanguarda paulista dos anos 1980. Premeditando o Breque, Língua de Trapo, Grupo Rumo, Itamar Assumpção e sua Banda Isca de Polícia são alguns dos grupos que por ali passaram, realmente. Mas representam uma pequena parcela dos que ali se apresentaram. Para recontar a história, foram entrevistadas 65 pessoas, entre elas Paulo Tatit, Arrigo Barnabé, Eduardo Gudin, Wandi Doratiotto, Lanny Gordin, Amilson Godoy, Vânia Bastos, Tetê Espíndola, Nelson Ayres, Paulo Lepetit, Suzana Sales, Marcelo Tas, Maurício Kubrusly, Paulo Caruso e Fernando Meirelles, que abriu a sua primeira produtora de vídeos, a Olhar Eletrônico, também na Praça Benedito Calixto, em frente ao Lira.
O pequeno espaço chegava a comportar 250 pessoas e ali passaram expoentes da música de São Paulo dos mais diversos gêneros: de Almir Sater ao grupo punk Inocentes, da música instrumental do Grupo Um ao lirismo de Tetê Espíndola. Grupos de rock que depois ganhariam renome nacional, como Ultraje a Rigor e Titãs, foram “pescados” no Lira Paulistana. “Nas catacumbas aconteciam coisas que não aconteciam na superfície”, conta Luiz Tatit em sua entrevista a Riba de Castro.














O teatro era comumente frequentado pelos membros das bandas que ali se apresentavam. Com o passar dos primeiros anos, o Lira Paulistana ampliou-se. Passou a atuar como gravadora, criou um jornal homônimo e fez do muro ao lado uma tela para intervenções artísticas que seriam trocadas a cada dois meses. Com a gravadora, o pontapé inicial foi com o álbum de estreia de Itamar Assumpção, Beleléu (1980). Seguiram-se discos do Grupo Rumo, Premeditando o Breque, Grupo Um, Patife Band, Tiago Araripe, entre outros.
Riba de Castro conta que resolveu levantar a história do teatro antes que outra pessoa o fizesse, para mostrar toda essa diversidade. “Eu quis fazer o documentário porque outra pessoa não iria demonstrar todas essas atividades que a gente promovia lá. Eu queria mostrar que o Lira Paulistana foi além da música”, defende o diretor. Durante os 97 minutos de exibição, os entrevistados traçam o panorama de atuação do Lira Paulistana e falam um pouco da relação estabelecida com o local. Clemente, vocalista da banda Inocentes, conta que muitas vezes colava cartazes do Lira Paulistana pela cidade em troca de uma graninha. “Eu perguntava: quanto ganha o cara dos cartazes? 50? Me dá os cartazes aqui que eu colo.”














Texto Itamar Dantas

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