quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Os Grãos”

Entre a ressaca nacional do Plano Collor e a ressaca pessoal cantada na faixa de abertura de “Os grãos” (Tribunal de Bar), as cores de “Bora Bora” tinham se perdido de vez. Tudo andava mais cinza e sem cor. O país duvidava de si e a empolgação dos primeiros anos democráticos se perdia após uma eleição presidencial controversa. Com as poupanças confiscadas e pouco dinheiro circulando, todas as vendagens de discos caíram no Brasil. Nesse embalo, o rock nacional – grande responsável pelas vendagens da década de 80 – entrava em xeque.
Neste disco, até certo ponto catártico, os Paralamas expurgaram alguns de seus fantasmas, jogaram muita coisa fora para tentar deixar a casa melhor assim. “Os grãos” também ficou marcado por apostar numa maior qualidade sonora, no estabelecimento de uma nova fronteira de áudio para discos brasileiros, além de abrir mais portas para a entrada de samplers e programações eletrônicas. Definitivamente, apostar em uma mudança daquelas não era a atitude mais prudente em tempos de crise, mas manter a prudência também não era exatamente uma prioridade dOs Paralamas.
A baixa vendagem e as críticas pesadas de parte da imprensa deixaram sequelas. As portas fechadas no Brasil e o sucesso da versão de Trac trac, de Fito Paez, levaram o grupo a se aproximar ainda mais da Argentina. “Os grãos” se tornou um dos discos menos ouvidos da banda e deixou faixas como relíquias, lembradas pelos fãs mais ávidos como algumas das melhores canções da banda, entre elas Vai valer, Não adianta, Ah Maria e Tendo a Lua.
 
 

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