Entrevista Philippe Seabra:
Líder da Plebe Rude, uma das bandas mais influentes do rock nacional, o vocalista e guitarrista Philippe Seabra, 48, é uma das principais vozes de um período da música brasileira que produziu nomes como Legião Urbana e Inocentes. Com um novo disco de estúdio, “Nação Daltônica”, o primeiro em quase nove anos, Seabra fala sobre a Plebe, a situação atual da música no Brasil e a falta de perspectiva em um mercado dominado por artistas e canções descartáveis.
“Nação Daltônica” é o primeiro disco de estúdio desde 2006. Por que tanto tempo entre os dois lançamentos?
A Plebe Rude sempre faz muita coisa, mas nem sempre isso aparece. Em 2011, lançamos o DVD “Rachando Concreto Ao Vivo”, que foi indicado ao GrammyLatino, e passamos por lugares em que nunca tínhamos tocado antes, como Manaus. Estive envolvido também em três filmes: “Somos Tão Jovens”, o documentário “Rock Brasília” e “Faroeste Caboclo”. Além disso, produzo outros artistas.
Você surgiram quando várias bandas de rock nacional tocavam nas rádios. Agora, o rock sumiu das rádios, que tocam pop e sertanejo. Como você vê essa mudança?
A Plebe Rude surgiu em 1981. Nessa época, não havia muitas coisas com as quais os jovens podiam se identificar. Não tinha música jovem tocando na rádio. A década de 1990 foi o momento em que o videoclipe se consolidou. E surgiram os artistas com mais senso estético do que propriedade. E isso foi muito nocivo, porque as grandes gravadoras deixaram de apostar em artistas novos. Hoje, estamos vendo o fenômeno do cover. Pessoas saem de casa para ver bandas cover. Mas elas se esquecem de que essas músicas já foram desconhecidas um dia. Estou envolvido em uma batalha com casas noturnas para que elas deem chance a novos artistas. Como produtor, vejo bandas muito boas. Mas me dói saber que pouquíssimas terão espaço. Uma banda depender de reality shows, ou de concursos, para aparecer é muito triste. Fico me perguntando se hoje alguém daria uma chance para Renato Russo, um cara de óculos, meio esquisito. Não tenho nada contra o pop, que é um mal necessário. Não é como o funk ostentação, que você ouve e sabe que chegou ao fundo do poço. Mas antigamente havia um contraponto à música pop. Hoje, não. E essa música sem substância é um reflexo da falta de leitura da população, que cresceu vendo programas pobres de TV. O brasileiro quer tudo mastigado. Acabou ficando acostumado com porcaria. Será que quando surgir algo realmente bom, ele vai conseguir identificar? Eu sinto saudade da pureza da música, algo que faz falta no mainstream, hoje.
O disco saiu em um momento de grande agitação política. O lançamento nesse período foi proposital?
Brincamos dizendo que o Brasil finalmente alcançou a gente. Não somos oportunistas. Não vamos dizer que nos inspiramos nas manifestações. Isso tudo é entretenimento, ver artistas se reinventando como blogueiros polêmicos. Nós podemos olhar para trás e dormir com a consciência tranquila. Claro que isso vem com uma certa responsabilidade. Hoje, vemos governadores que são fãs da Plebe, gente com poder de decisão que cresceu ouvindo nosso som. Espero que eles possam manter esse discernimento. É isso que a gente espera como cidadão. Nossa obra continua relevante, mas só agora o Brasil está acordando. Como a internet mudou sua maneira de trabalhar? A promessa da internet não se cumpriu, não nivelou o campo. É uma ferramenta imprescindível, que ajuda no trabalho de base, de conquista dos fãs. Eu não uso “auto-tune”, porque cria algo falso. É triste quando a banda não corresponde ao vivo. E vemos muitos artistas que não estão prontos para aparecer. Vejo bandas de pop meio genérico, indefinível. Como trabalhar uma fama insossa, instantânea? É um pouco triste o que está acontecendo com o rock.
A Plebe Rude sempre faz muita coisa, mas nem sempre isso aparece. Em 2011, lançamos o DVD “Rachando Concreto Ao Vivo”, que foi indicado ao GrammyLatino, e passamos por lugares em que nunca tínhamos tocado antes, como Manaus. Estive envolvido também em três filmes: “Somos Tão Jovens”, o documentário “Rock Brasília” e “Faroeste Caboclo”. Além disso, produzo outros artistas.
Você surgiram quando várias bandas de rock nacional tocavam nas rádios. Agora, o rock sumiu das rádios, que tocam pop e sertanejo. Como você vê essa mudança?
A Plebe Rude surgiu em 1981. Nessa época, não havia muitas coisas com as quais os jovens podiam se identificar. Não tinha música jovem tocando na rádio. A década de 1990 foi o momento em que o videoclipe se consolidou. E surgiram os artistas com mais senso estético do que propriedade. E isso foi muito nocivo, porque as grandes gravadoras deixaram de apostar em artistas novos. Hoje, estamos vendo o fenômeno do cover. Pessoas saem de casa para ver bandas cover. Mas elas se esquecem de que essas músicas já foram desconhecidas um dia. Estou envolvido em uma batalha com casas noturnas para que elas deem chance a novos artistas. Como produtor, vejo bandas muito boas. Mas me dói saber que pouquíssimas terão espaço. Uma banda depender de reality shows, ou de concursos, para aparecer é muito triste. Fico me perguntando se hoje alguém daria uma chance para Renato Russo, um cara de óculos, meio esquisito. Não tenho nada contra o pop, que é um mal necessário. Não é como o funk ostentação, que você ouve e sabe que chegou ao fundo do poço. Mas antigamente havia um contraponto à música pop. Hoje, não. E essa música sem substância é um reflexo da falta de leitura da população, que cresceu vendo programas pobres de TV. O brasileiro quer tudo mastigado. Acabou ficando acostumado com porcaria. Será que quando surgir algo realmente bom, ele vai conseguir identificar? Eu sinto saudade da pureza da música, algo que faz falta no mainstream, hoje.
O disco saiu em um momento de grande agitação política. O lançamento nesse período foi proposital?
Brincamos dizendo que o Brasil finalmente alcançou a gente. Não somos oportunistas. Não vamos dizer que nos inspiramos nas manifestações. Isso tudo é entretenimento, ver artistas se reinventando como blogueiros polêmicos. Nós podemos olhar para trás e dormir com a consciência tranquila. Claro que isso vem com uma certa responsabilidade. Hoje, vemos governadores que são fãs da Plebe, gente com poder de decisão que cresceu ouvindo nosso som. Espero que eles possam manter esse discernimento. É isso que a gente espera como cidadão. Nossa obra continua relevante, mas só agora o Brasil está acordando. Como a internet mudou sua maneira de trabalhar? A promessa da internet não se cumpriu, não nivelou o campo. É uma ferramenta imprescindível, que ajuda no trabalho de base, de conquista dos fãs. Eu não uso “auto-tune”, porque cria algo falso. É triste quando a banda não corresponde ao vivo. E vemos muitos artistas que não estão prontos para aparecer. Vejo bandas de pop meio genérico, indefinível. Como trabalhar uma fama insossa, instantânea? É um pouco triste o que está acontecendo com o rock.
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