quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Chico Science: 20 anos sem principal expoente do Manguebeat

Por Leandro Melito / Portal EBC Edição:Priscila Ferreira


Há 20 anos, o Brasil perdia um de seus artistas mais inovadores: Francisco de Assis França, o Chico Science, teve sua breve e intensa carreira encerrada em um domingo. Era 2 de fevereiro de 1997, quando a vida do músico foi interrompida aos 30 anos de idade em um acidente de carro.





O músico encabeçou o movimento Manguebeat, que projetou mundialmente a cena cultural que fervilhava no Recife. Ana Sousa, curadora da Ocupação Chico Science, realizada pelo Itaú Cultural em 2010, considera que o músico deu voz a uma cena musical prestes a explodir.
“Chico Science foi uma espécie de abre alas, foi o porta-voz desse processo. A relevância dele está no campo das composições e criações, mas é também desse cara que era do palco, que trouxe essa mise-en-scene de novo pra cena pernambucana”,  considera.





Há muito o Brasil não via um movimento musical e estético alcançar tamanha projeção, a ponto de o crítico musical Jon Pareles, no jornal norte-americano New York Times, apresentar Science como fundador do movimento de maior impacto na música brasileira desde a Tropicália.  
“As letras combinam protesto político com imagens visionárias, e Chico Science as performou com exuberância, misturando movimentos de break-dance com a ciranda brasileira, usando um chapéu de palha de pescador tradicional e óculos escuros de um rocker”, descreveu Pareles na edição de 5 de fevereiro de 1997 do jornal.






“Ele era um gênio artista. Acho que para além da questão musical, ele era um performer. Até quando dava entrevista, ele não era o Chico, era o Chico Science... se construía nessa persona e isso exige muita consciência artística”, considera Ana Sousa.Entre abril de 1994 até o dia do acidente, Science gravou dois discos que alcançaram repercussão mundial, com prensagens nos EUA, Europa e Japão, e realizou duas turnês mundiais à frente da banda Chico Science & Nação Zumbi.





“Parece que alguma coisa estava dizendo: 'olha, corre e faz um monte porque não vai durar muito'. A sensação é essa, pela quantidade de coisas que a gente conseguiu fazer. É como se a gente tivesse correndo contra o tempo”, considera Paulo André Pires, empresário da banda.


"Ele era um cara empenhado no sonho dele, nas coisas que queria fazer, tinha uma visão estratégica do trabalho muito boa. Tinha toda uma coisa de pensar o trabalho, a evolução da banda, a música e o contexto social em que o trabalho estava inserido”, lembra a irmã Goretti, com quem Chico morava em um apartamento no Recife.





Auge da carreira: 1996


O ano de 1996 projetou Chico Science & Nação Zumbi definitivamente para o mundo após o lançamento do segundo disco, Afrociberdelia. A banda se mudou do Recife para o Rio de Janeiro em dezembro de 1995 para facilitar o contato com o mercado fonográfico.
“Pra que a gente fizesse mais show, estivesse mais perto e disponível, a gente resolveu mudar pro Rio porque a gravadora era lá também”, lembra o empresário.




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